Segundo o vice-presidente da entidade, a Nissan foi a primeira das montadoras do Sul Fluminense em demitir em meio à crise da covid-19
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Segundo o vice-presidente da entidade, a Nissan foi a primeira das montadoras do Sul Fluminense em demitir em meio à crise da covid-19 Reprodução da Internet
Por Lucas Cardoso

Airbags defeituosos, falhas no motor, risco de pane elétrica e incêndio são alguns dos problemas encontrados em veículos convocados para o recall. Quando não sanados, os defeitos de fábrica representam um risco para motoristas, passageiros e pedestres nas ruas e estradas do país. Apesar da importância dessas campanhas, só 15% dos carros convocados para recall no ano passado foram levados por seus donos para a realização do reparo gratuito.

O dado alarmante divulgado pelo Procon-SP retrata a importância da portaria, assinada na segunda-feira pelos ministérios da Justiça e da Infraestrutura. As novas regras definem a criação de um sistema de notificação nacional de recalls. E tornam obrigatórios o registro de pendência do reparo no documento do carro. De acordo com a portaria, os veículos que não atenderem a campanha dentro de um ano após a divulgação do chamamento terão uma observação sobre a ausência incluída no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). A regra passa a valer em 90 dias.

Vinicius Melo, CEO do Papa Recall, aplicativo que notifica proprietários para campanhas de chamamento, acredita que a decisão representa uma nova fase para a indústria automotiva. "A medida deve aumentar os índices de atendimento às campanhas de recall, que são baixíssimos no país. É mais segurança para o trânsito", comenta.

Segundo o especialista do aplicativo, o proprietário que não realizar o recall sentirá no bolso quando for realizar a revenda do veículo. "Na hora da venda, o comprador vai querer um desconto pelo defeito de fabricação, mesmo sabendo que todo recall é gratuito. É uma brecha para o comprador barganhar e o vendedor sair no prejuízo", aponta.

Pela regra atualizada, se o certificado de registro do veículo for emitido com a informação da convocação não atendida, o registro só será retirado do documento na próxima via. A base de dados, no entanto, será atualizada de forma imediata conforme baixa dada pelo setor de pós-venda da concessionária e montadora.

novo sistema de notificação

Outra mudança prevista é a criação de um sistema de notificação que conseguirá encontrar o atual proprietário de um veículo envolvido em um chamamento. Essa identificação do novo dono será feita em consulta do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Isso deve reduzir a falha de comunicação entre as montadoras e os motoristas, que antes estava limitada ao contato com o primeiro dono do carro.

A medida também mudará a rotina dos concessionários. Após a realização de um reparo gratuito, o prestador da montadora será obrigado a emitir um comprovante dos serviços com a identificação do chamado, local, data, horário e duração do atendimento. Saberá, ainda, o serviço feito e a garantia da concessionária responsável pelo procedimento.

Com as alterações, o governo acompanhará a situação dos chamamentos com mais agilidade, o que deve intensificar a cobrança por resultados das montadoras. Das 701 campanhas de recall feitas no país nos últimos cinco anos, 189 apresentaram níveis de atendimento abaixo de 10%, segundo o Serviço Nacional do Consumidor (Senacon). Ao todo, 9.504.580 consumidores foram chamados para realizar reparos em seus veículos. Mas só 4.584.144, o equivalente a 48,23%, foram atendidos, aponta o órgão.

 

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