Faróis com projetor e assinatura em LED tem design irregular, mas bem encaixado na dianteira - Lucas Cardoso
Faróis com projetor e assinatura em LED tem design irregular, mas bem encaixado na dianteiraLucas Cardoso
Por Lucas Cardoso
Rio - A ousadia no mercado automotivo não é uma estratégia muito comum, ainda mais quando um carro vai bem nas vendas. Mas o tempo urge e arriscar pode ser a única estratégia para refrescar a percepção do consumidor e até, quem sabe, atrair novos. A chegada do novo HB20, em setembro do ano passado, prova que a Hyundai não tem medo e que vale mais o risco de acertar, que a certeza de não sair do lugar. É bem verdade que esse lugar é era bem confortável para o hatch. Mas o momento atual em que o modelo recupera a segunda colocação entre os mais vendidos prova o acerto.
Mas, para tentar entender se o voo pode ser maior, avaliamos a versão mais completa do hatch, a Diamond Plus, que custa R$ 77.990 mil e traz o que há de melhor na gama. Com diferenciais importantes para a categoria, como a frenagem de emergência e alerta de mudança de faixa, que avisa quando você tenta trocar de pista sem sinalizar (era o único até o anúncio do novo Peugeot 208). Outro destaque da versão é o motor 1.0 TGDI turbo, de 120 cv e 17,5 kgfm de torque. 
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De cara, assim como na versão sedã, o visual chama atenção pelas linhas excêntricas e ousadas. A dianteira segue chamando atenção pela tomada de ar de grandes proporções e pelos faróis de formato irregular.  Diferente do três volumes, onde a traseira não era alvo de tantas críticas, aqui no hatch a história muda. A primeira vista a porção destoa pela protuberância no porta-malas e pelo formato das lanternas. Agora, cá para nós, depois de um tempo você até gosta do visual. Tudo é questão de gosto. Não podemos esquecer dos lados, onde há um acabamento em preto na coluna "C", que deixa o dois volumes com estilo "teto flutuante".
E não é só por fora que o HB20 muda. Segundo a Hyundai, a plataforma usada no modelo foi reforçada e ganhou mais aços de ultra resistência, o que eleva a rigidez estrutural e deixa o modelo mais seguro. Além, é claro, de melhorar o comportamento dinâmico e o nível de ruído, segundo a própria marca sul-coreana.
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Por dentro, o modelo quase tira um 10. Embora se limite a ter plásticos no painel (como todos da categoria), o sul-coreano agrada aos olhos e ao toque. A construção passa confiança e deixa claro o papel de protagonismo do modelo no segmento. Nas portas, o acabamento ainda acrescenta revestimentos em couro no apoio de braços. O material com tom marrom escuro é o mesmo do volante, que tem boa pegada, e bancos. Bem diferente da percepção observada na linha anterior, quando o design interno do modelo já parecia cansado.

A central multimídia, içada para facilitar a vida do motorista, é outro acerto do modelo. O sistema é rápido, intuitivo e tem boa transição entre as funções. No console central, a marca manteve (ainda bem) o porta-objetos com tampa corrediça. Os décimos perdidos no quesito interior pelo sul-coreano estão no painel de instrumentos, que embora traga as informações necessárias, deixa o modelo menos atual e faz lembrar os sistemas usados em motos e, ironicamente, o dos antigos Chevrolet Onix, com conta-giros à esquerda e velocímetro digital à direita.
Deixando o equivoco de lado, a combinação de cores do acabamento interno (marrom com detalhes em azul) que parecia ser esquisita nas imagens de divulgação, se mostrou bem mais sóbria e elegante pessoalmente. O ar-condicionado "digital" que, na verdade, só tem de digital mesmo o display também dá um toque diferenciado ao design interno.

No detalhe, a lista de itens da versão Diamond Plus, mais completa da linha, traz, ainda, chave presencial, partida por botão, piloto automático e limitador de velocidade. Há também retrovisores rebatíveis, bem como controles de tração, estabilidade e assistente de partida em rampa, câmera de ré, com sensor traseiro, e quatro airbags - dois a menos que o concorrente Onix de entrada. Os faróis do sul-coreano têm projetores e assinatura em LED. As lanternas, por outro lado, têm luz convencional.  

Espaço interno e ergonomia

No quesito ergonomia, o novo HB20 é bem mais fácil de se encaixar que seu antecessor. Isso porque o modelo tem ajustes de dois eixos no volante, além das alavancas manuais para mudar a altura e inclinação do banco do motorista. E embora o assento seja um pouco estreito, traz bons apoios laterais para as costas e pernas.

Para quem vai atrás, o espaço no banco é bom . Vale lembrar que o HB20 novo espichou nas medidas de entre-eixos (2,53 m, 3 cm maior) e largura (1,72m, 4 cm maior). Mesmo com o aumento, o ideal é levar até quatro pessoas, mas o eventual quinto passageiro só passa sufoco para acomodar os pés, por conta da elevação do túnel central.

Ao nível de segurança, há apoio de cabeça e cintos de três pontas para todos. O que o HB20 fica devendo mesmo são mimos para os passageiros da segunda fileira. Por falar em quem vai atrás, nessa fileira sentimos falta de uma porta USB. O modelo só traz duas portas para quem vai na frente.

Percepção ao volante

Ao volante, o hatch sul-coreano mostra a que veio. Isso porque o 1.0 TGDI, com injeção direta, que rende 120 cv de potência e 17,5 kg de torque, dá agilidade ao modelo. Basta pisar e lá está a força necessária para a maioria das tarefas encontradas no ambiente urbano. O comportamento dá a ele um dos melhores desempenhos do segmento, ficando atrás apenas dos motores 1.0 TSI da Volkswagen. Ladeiras, saídas e retomadas não são problemas para o HB20, mérito do câmbio automático de seis marchas que não erra na hora das mudanças.

Na opção de trocas manuais, seja no volante ou no câmbio, a sensação de bom desempenho é ainda maior. A transmissão permite mudanças esticadas até 6000 mil rpm, sendo o torque máximo entregue já nos 1.500 rpm. Força que não compromete o consumo de combustível que, segundo Inmetro, é de 8,6 km/l e 10,3 km/l (cidade/estrada) com etanol, e 12,2 km/l e 13,9 km/l (cidade/estrada) com gasolina. Vale lembrar que o modelo conta com o sistema start-stop, que ajuda nesse quesito.
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Em curvas, o modelo se mostra equilibrado e previsível. A direção elétrica do modelo tem peso agradável e passa segurança em altas velocidades. O conjunto de suspensão se sai bem na missão de absorver buracos, valetas e demais obstáculos. Também colabora para o isolamento acústico, que vaza poucos ruídos para o interior da cabine. O silêncio só é prejudicado quando o giro do motor ultrapassa os 4.000 rpm, mas nada que atrapalhe a experiência de condução.

A versão mais equipada do HB20 segue com preços congelados e ótimo nível de equipamentos de segurança. Peca em alguns detalhes, mas se destaca pelo nível de acabamento interno, talvez o melhor da categoria. São pontos positivos e negativos, que valem a dúvida do comprador na hora de fechar a compra de um hatch.

Ficha técnica

Modelo e preço: HB20 Diamond Plus; R$ 77.990
Motorização: 1.0, 3 cilindros, 12 válvulas, turbo e injeção direta, flex
Potência e torque: 120 cv a 6.000 rpm / 17,5 kgfm a 1.500 rpm
Transmissão: automática de 6 marchas; tração dianteira
Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Rodas e pneus: liga-leve aro 15 e pneus 185/60 R15
Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira; ABS e EBD
Dimensões: comprimento 3.940 mm, largura 1.720 mm, altura 1.470 mm, entre-eixos 2.530 mm, peso 1.091 kg, tanque 50 l e porta-malas 300 litros