Professores de Cabo Frio protestam pelas ruas da cidade reivindicando seus salários e direitos  - Imagem de internet
Professores de Cabo Frio protestam pelas ruas da cidade reivindicando seus salários e direitos Imagem de internet
Por Juarez Volotão
Cabo Frio - O município de Cabo Frio amargou o último lugar da Região dos Lagos nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2019 e figurou nas últimas posições, se comparado aos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, ao registrar nota 5,0 (média 5,8) referente as séries iniciais e de 3,6 - número ainda menor - (com meta de 5,6) nos anos finais. Com relação as turmas do 3º ano do Ensino Médio, que também foram avaliadas, a nota foi de 3,6 com meta de 3,8.
'Cabo Frio, que era conhecida como capital da região, tem a pior educação básica da Região dos Lagos. Dos 92 municípios do estado do RJ, nossa cidade ficou nas últimas posições do Ideb. Isso é retrato do modelo caótico de gestão dos últimos 20 anos, de altos índices de evasão escolar, analfabetismo e déficit de aprendizagem. Esse cenário interfere negativamente nos repasses do Fundeb para o ano que vem, o que já faz de 2021 um ano desafiador', afirma o jovem empresário cabo-friense e ex-aluno da rede pública de ensino, Davi Souza. 
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Para a professora com 44 anos na Educação e há 25 anos diretora de escola na cidade, Vania Maria Azevedo, o resultado do Ideb em Cabo Frio com essa nota degradante, segundo ela, é o reflexo do aparelhamento da Secretaria de Educação, pelo menos há duas décadas, pelo mesmo grupo político: 'Eles usam a Educação para atender os seus interesses próprios e brincam com o povo, brincam com a educação e o resultado então, não poderia ser diferente', afirma a Tia Vaninha, como é conhecida no município. 
Secretaria de Educação de Cabo Frio - Seme - Imagem de internet
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Segundo o Professor Fábio André Cardoso Coelho, Doutor em Língua Portuguesa pela UERJ, há muito trabalho para a nova gestão da Secretaria de Educação de Cabo Frio a partir de 2021: 'A realidade pandêmica nos traz grandes e novos desafios. O maior deles será inserir, de fato, no mundo digital, o ensino remoto no cotidiano daqueles que pertencem ao cenário escolar. Para os nossos alunos, chips, equipamentos, acesso digital; para os nossos professores, a capacitação nas plataformas digitais, a formação continuada adequada e o salário em dia, claro. Mas acredito sim que tudo pode melhorar', declara ele, que ainda atribui o resultado negativo no Ideb a ausência de uma gestão qualificadamente pedagógica.  
Questionada a Secretaria de Educação de Cabo Frio (SEME) registra que a crise iniciou em 2016, com o longo período da greve dos servidores, que ficaram com quatro meses sem salários, a transferência de muitos alunos para outras redes de ensino pela falta de aulas, acarretando na diminuição dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) do Governo Federal: 'Recebemos o resultado ‘com preocupação e responsabilidade’, mas ressaltamos que o índice é calculado por meio de dados de anos anteriores, nos quais ‘o país tem enfrentado crises políticas e financeiras que refletiram diretamente no município', afirmam em nota.