Fernando MansurO DIA

Olho o cachorro deitado aos pés da dona, completamente entregue a seu sono, inteiramente confiante naquele porto seguro que o acolheu. O cão protege o dono que o protege. Há um vínculo profundo entre eles, natural, visceral.
Como esse vínculo se estabeleceu? Pela confiança da adoção. Surge então a pergunta: quem adotou quem? A pessoa e o animal evoluem nessa troca de afetos e cuidados. O animal enxerga a alma, não a roupagem externa; é destituído de convencionalismos.
Recebe amor, comida, atenção, às vezes nem isso; contudo, é fiel a quem cuida dele, mesmo que o “dono” more nas calçadas da
vida. Estranhos são os caminhos do destino; a realidade costuma ser mais incrível do que a ficção.
É a coragem do coração que nutre uma relação. Quando não há entrega, a conexão não se completa. Adoção é a aceitação daquele ser como ele é, é como um salto no escuro, com a certeza de que além daquele túnel jaz a luz da alegria, esperando para ser acesa e compartilhada entre o casal e o ser que se aproxima.
Não resista. Aceite a vida que a outra vida está lhe trazendo. É o sinal da completude que lhe falta. Sejamos inteiros. Podemos.
Vamos!