ATILA21AGOARTE O DIA

O pastor Nehemias Marien, um dos maiores estudiosos da Bíblia no Brasil, foi um dos meus mais queridos amigos evangélicos. Ele dizia que a Bíblia é um manual de psicografia e psicofonia, do princípio ao fim. Os teólogos confundiram a realidade dos espíritos e dos anjos na Bíblia com demônios, tidos, equivocadamente como sendo espíritos maus quando, na verdade, seriam os espíritos dos mortos. O demônio (ou Lúcifer, ou Satanás, como queiram chamar) não existe. Deus não permitiria que um espírito do mal se manifestasse eternamente – e de forma poderosa - com a missão de só praticar o mal.

Já os anjos – fartamente citado nos textos bíblicos - são espíritos evoluídos, bons. O anjo é um mensageiro entre nosso mundo e o mundo espiritual. O anjo Gabriel, por exemplo, veio trazer para Maria Santíssima e o mundo, a mensagem de que ela seria a Mãe do Messias. O nome Gabriel significa homem de luz, homem divino.

Pertence ao imaginário popular a ideia a de que um anjo seja um jovem vestido de branco e com asas. Todo anjo é um espírito, mas nem todo espírito é anjo, sendo anjo apenas quando for mensageiro. Um anjo do Senhor apareceu a Zacarias informando-o de que ele e sua esposa Isabel seriam os pais de João Batista, o Precursor ou o Elias que voltaria para preparar o caminho de Jesus. João ouviu e escreveu: “Eu, João, ouvi e vi estas coisas.”

Na Bíblia, frequentemente, fala-se em anjos ou espíritos, que são enviados do mundo espiritual. E por que, afinal, alguns condenam tanto a comunicação com os espíritos? Os teólogos citam as proibições de Moisés, fazendo crer que a comunicação com os mortos foi proibida por ser algo ruim. Dizem até que Satanás se disfarça e engana os médiuns nas sessões espíritas.

Esse argumento é falho. Afinal, Satanás (se existisse) não seria tão bom ator para igualmente disfarçar-se em padre, pastor ou rabino, e assim, influenciar todos os fieis? Não existe, portanto, qualquer lógica em achar que Satanás tem preferência pelos que atuam nos centros espíritas.

Moisés, segundo a Bíblia, condenou a atuação de magos, feiticeiros e adivinhos, atividades comuns à época. Considerados praticantes de idolatria, eram renegados. Curioso é que poderíamos considerar Moisés um médium, já que ele recebeu os dez mandamentos, através de escrita (a mesma psicografia praticada por Chico Xavier). Outra coisa: séculos após a sua morte, Moisés e o também desencarnado Elias não conversaram com Jesus? Isso é ou não é comunicação com os mortos? Essa comunicação das duas maiores figuras da religião judaico-cristã, Jesus e Moisés, foi um fenômeno espírita, queiram ou não.

A consulta a oráculos, videntes e pitonisas, era rotina na Antiguidade, lembra o escritor Luiz Gonzaga Pinheiro, uma autoridade no assunto. Lembra ele que a Bíblia chama atenção para o que era comum em Israel, quando se buscava ajuda de Deus: “Vinde, vamos ter com o vidente”. O médium de hoje era o vidente de antigamente.

Os sonhos, os pressentimentos, os avisos, as aparições de anjos, eventos comuns na Bíblia, fazem parte do cotidiano dos médiuns de hoje, destaca Luiz Gonzaga Pinheiro. A mediunidade em Jesus era especialíssima. Desde os efeitos físicos (transformação de água em vinho); a levitação (caminhando sobre a água); a clarividência (pesca milagrosa); até suas numerosas curas evidenciam a superioridade do seu Espírito como intermediário entre Deus e os homens.

A mediunidade é o meio que Deus nos concedeu para estarmos mais próximos dele, através de seus auxiliares. A comunicação com o mundo espiritual não é profanação, uma vez que os espíritos comparecem espontaneamente e de bom grado às reuniões. Alguns, para ajudar, outros, para serem ajudados, todos conscientes de que nessas reuniões impera a caridade, o respeito e a disciplina sentimentos movidos pelo amor, paradigma de todas as religiões, sem exceção.