Para o Brasil, o encontro em Moscou representou uma reviravolta notável para uma administração federal que passou três anos abraçando a bandeira norte-americana Arte: Paulo Márcio

A atual política externa brasileira errática e sem rumo começou batendo continência para Donald Trump e terminou nos braços de Putin.
Virou até motivo de piada, com afirmação a jornalistas brasileiros, pelo atual ocupante do Planalto que pode ter algo a ver com a retirada de algumas tropas russas da fronteira com a Ucrânia.
Viramos mais uma vez motivo de chacota internacional como se não fosse suficiente a pecha de pária mundial.
O que vimos foi mais do mesmo, em Moscou, ou seja, a política externa brasileira como extensão das disputas domésticas e eleitorais.
Ao não compreender um princípio elementar da política externa, o desgoverno transforma uma relação entre Estados em uma relação entre indivíduos com custos elevados para a credibilidade e a respeitabilidade do Brasil.
Os erros na área internacional continuam a se acumular, gerando um triste passivo para a próxima administração em Brasília.
A política externa bolsonarista está longe de ser normal no sentido literal de representar as normas seguidas pelo Itamaraty desde sempre.
De um só golpe conseguimos desagradar os Estados Unidos, a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Os custos dessa abordagem amadora ficaram claros com essa visita.
O momento em que o Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para lançar eventualmente ataques às cidades ucranianas, não poderia ter sido pior.
Essa postura mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário.
O Brasil parece ignorar o risco de uma agressão armada por uma grande potência contra um país menor uma posição inconsistente com a nossa tradição diplomática.
Em alfinetadas seguidas contra os Estados Unidos, a Europa, a China, países da América Latina, o Planalto, por interesses eleitorais, vem danificando cada vez mais a nossa credibilidade no exterior.
Essa viagem a Rússia e Hungria só servirá para fotos em redes sociais e inimigas da democracia e de adeptos do autoritarismo no Brasil e no mundo.
Como pretexto paralelo para viagem podemos ainda especular sobre a presença da filhocracia na comitiva para conversas intensas com hackers especializados em disseminação de notícias falsas.
Ao chamar Victor Orbán de 'irmão' e reviver temas caros a Plínio Salgado, na Hungria, o atual ocupante do planalto conseguiu, mais uma vez, alienar o Brasil do mundo.
Os desastres diplomáticos acumulados pelo desgoverno são incontáveis e exigirão no futuro um grande esforço para que o Brasil possa recuperar o seu espaço perdido na cena internacional.
Parece inacreditável que em 2022 tenhamos de discutir no Brasil o crescimento de ideias e manifestações nazi-fascistas promovido por grupos próximos do Planalto.
Esse jogo sujo só conspurca a diplomacia brasileira nos planos nacional e global.
Essa lista de desastres promovidos pela diplomacia bolsonarista terá profundas repercussões negativas, em um futuro próximo, com os Estados Unidos e a Europa.
Para o Brasil, o encontro em Moscou representou uma reviravolta notável para uma administração federal que passou três anos abraçando a bandeira norte-americana.
Esta desastrosa visita, sem eira nem beira, foi um grande erro que terá repercussões negativas no Ocidente e pode ser interpretada como uma declaração de apoio a Putin em relação à Ucrânia.
Essa tentativa presidencial de transformar o Brasil em um anão diplomático está sendo coroada com sucesso.
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