O caso envolvendo o ônibus da viação Galo Branco foi o mais recente - Ricardo Cassiano / Agência O DIA
O caso envolvendo o ônibus da viação Galo Branco foi o mais recenteRicardo Cassiano / Agência O DIA
Por Luarlindo Ernesto

Sequestro tem de tudo. De gente, de bens, de aviões, de conta bancária. Tem até sequestro do sossego. O sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói me fez reviver tristes lembranças de coberturas cicatrizadas pelo tempo. Como o sequestro do ônibus 174, a primeira lembrança quando se soube do episódio mais recente envolvendo um sequestrador e passageiros de um coletivo. Mas a prática é antiga.

No início dos anos 70, no Rio de Janeiro, nem havia uma delegacia especializada nesse tipo de crime. O detetive Marinho foi escolhido como chefe de uma unidade responsável por esse tipo de investigação. Ela funcionava em uma sala caindo aos pedaços no velho prédio da Avenida Marechal Floriano. Ficava quase em frente ao suntuoso Palácio Itamaraty. Hoje, nem sabemos o que funciona por lá. 

Em pouco tempo, a Polícia Civil percebeu que esse tipo de unidade precisaria ser chefiada por um delegado. Aí, então, foi elevada ao status de delegacia. Os fatos nos fazem perceber que há a necessidade de gente qualificada para atuar nesse tipo de caso. O desfecho trágico do 174, com morte de uma vítima e do bandido, que foi "sacrificado", mostrou que estávamos engatinhando.

A PM criou um núcleo com psicólogos, negociadores, atiradores e outros técnicos que não sabemos, ou não divulgamos por motivos de "segurança operacional". E o caso da morte do sequestrador da Ponte, amigos, não foi o primeiro com o bandido morto.

Em uma manhã de outubro de 2012, na Avenida 28 de Setembro, em Vila Isabel, um oficial da PM, sniper, matou com um certeiro tiro na testa um criminoso que, encurralado, ameaçava matar uma refém. O cara tinha até uma granada! Ele havia tentado roubar um carro dos Correios e não conseguiu. Procurou refúgio em uma farmácia naquela área. E, cercado pela PM, fez a refém.

Nos anos 80, dois jornalistas foram reféns de um bandidão, o Maurinho Branco, em sítio de Teresópolis, na Região Serrana. Até um delegado entrou na lista dos reféns. Na verdade, vamos vivendo como reféns da vida em meio ao caos urbano e à violência do nosso cotidiano.

 

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