Por O Dia

Carnaval tá chegando. Bem, o Rio já deu a partida, apesar das reclamações da confusão na saída da Praia de Copacabana - furtos, roubos, tiros, bombas e feridos - no Bloco das Favorita. Lembro que, nos início da década de 60 - sem esquecer os anos 50, é claro - até o Exército ajudava a patrulhar os bairros com grandes concentrações durante os três dias de folia. Três dias e nada mais! Locais de concentração popular (Campo Grande, Méier, Bonsucesso, Penha, Madureira, Cascadura, Chave de Ouro, Piedade) eram "policiados" por tropas do Exército. Até os paraquedistas mandavam o reforço. No Centro da cidade, além do desfile das escolas de samba na Avenida Presidente Vargas (primeiro na Praça Onze e, depois, quase iniciando na Candelária).

Ainda tínhamos os desfiles na Avenida Rio Branco e no Castelo. Tudo ornamentado e bem iluminado. Os coretos ficavam nos subúrbios. Nem vou falar dos ranchos e das "grandes sociedades", pouco lembro deles. Mas, os bailes, caramba, eram o ponto alto. No Copacabana Palace, no Quitandinha, no Flamengo, no Monte Líbano, Teatro Municipal (o mais chique, com a turma da alta sociedade, até mesmo com trajes a rigor) e os desfiles e concurso de fantasias. Era a época do Clóvis Bornay, Wilza Carla e outros tantos famosos.

Marchinhas e sambas eram o forte da ocasião. Os temas, variados, mostravam as gírias, costumes, políticos do momento, e as musas, mais comportadas no vestir, apareciam com maiôs quase ousados. Bom destacar que, os três dias de folia na verdade eram dois. A segunda feira não era feriado... Mas, difícil conseguir alguém para trabalhar nesse dia. Então, nossos dirigentes, bem espertinhos, inventaram o "ponto facultativo" para justificar os três dias seguidos dedicados à Momo. Legal! Estava instituído o quase feriado que resolveu tudo. Pouco depois, o sábado "entrou" no calendário do Carnaval. E, depois ainda, a sexta-feira. Bem, depois do depois e do depois, tudo mundo sabe, nê? Cinquenta dias!!! Ainda bem que os turistas "auxiliam" na folia. Haja dinheiro, disposição e fígado para tanta para a esbórnia.

Inevitável, mas vou lembrar: muita gente aproveitava o Carnaval para praticar retiro espiritual. Fui premiado em uma ocasião. Eu tinha uns 14 anos, estudava no Colégio Marista São José, na Tijuca. Em pleno Carnaval carioca, encarei quatro dias de retiro, na Gávea Pequena. Sem rádio de pilhas. TV? Não existia. Celular?? Que que isso? Saía do quarto para missas, orações e alimentação. Naquele silêncio de cemitério. Acho que foi penitência e, pelo que informaram, eu tinha ganhado pontos para ir para o Céu tão logo desencarnasse. Descobri, então, que a religião era maravilhosa: poderia pecar pra caramba. Depois, confessava os pecados, ganhava a penitência, comungava e zerava tudo. Pronto. Podia pecar novamente. Formidável. Foi o primeiro e último retiro.

Carnaval é um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro ou início de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma). O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos circenses, máscaras e uma festa de rua pública.

As imagens são vendidas aos exterior pelas emissoras de televisão. Os patrocinadores dos desfiles pagam uma grana violenta para terem seus produtos mostrados para o mundo inteiro. Os transatlânticos desovam milhares de turistas no porto. Eu lembro que, ih isso tem mais de 30 anos, durante uma conversa-entrevista com o saudoso e inigualável Mário Lago - autor da letra da "Amélia", gravada por Ataulfo Alves, autor da música - ele me disse com toda a sua sabedoria:- Meu caro, Amélia já era! Ele anteviu o declínio do Pierrô, Colombina e Arlequim.

 

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