Por O Dia

Tô quase querendo não lembrar das coisas ruins. Difícil. Ainda mais agora, que vivemos a 'guerra fria' tupiniquim, envolvendo os governos federal e estaduais. Entre uma máscara e outra, temos passeatas, rebeldias, confrontos de turmas prós e contras, acusações, investigações, inquéritos, denúncias, xingamentos, desvio de verbas, falta de remédios, insumos, médicos, enfermagem, hospitais de campanha - os outros, fixos, nada têm, também - e sobram doentes e mortos. Não é fácil.

Veja a outra desgraça na terra dos irmãos do Norte. Um policial branco esganou, com o joelho, o pescoço de um homem negro, já preso e dominado. Pronto. Gerou revolta em todo o país. E tome passeatas de protestos nos Estados Unidos, com porradas, tiros e bombas. Igualzinho por cá. Mas, e o isolamento social? Acho que, quando terminar a quarentena para nós, os mortais normais, deveria continuar somente para os ladrões do dinheiro público, para os trambiqueiros e espertalhões que falsificam, de medicamentos (lembram dos anticoncepcionais de farinha?) até ovos cozidos. Não é uma ideia?

Chega de lamentações e vamos em frente. Ah, que tal mandar para o tal isolamento os políticos e empresários que estão desviando a grana da Saúde? No litoral brasileiro, há um arquipélago, São Pedro e São Paulo, que poderia ser o destino desses senhores desonestos. O arquipélago fica a 986 quilômetros do continente e pertence ao Estado de Pernambuco...

Enquanto isso, tenho uma sugestão para os amigos. Lembram do longa-metragem 'M.A.S.H'? Comédia satírica, lançada em 1970, de Robert Altman, que mostra o dia a dia em um hospital de campanha. A história se passa um pouco atrás da linha de frente durante a Guerra da Coreia (anos 1950). A sigla, mas ou menos em tradução livre, é Hospital Cirúrgico Móvel do Exército. Mostra o dia a dia de médicos, enfermeiras, soldados (e os pacientes, é claro) e tudo que possa existir em um local desses durante um conflito armado. O filme virou seriado e durou mais de dois anos.

Tô lembrando isso, quase uma alusão aos nossos hospitais de campanha que viraram ficção, como sugestão, em plena pandemia, aos amigos para passarem o tempo de confinamento. Tenho uma pilha de fitas VHS dos episódios. São mais de vinte. Ainda tenho o aparelho que reproduz (e grava) os filmes. Uma confissão se faz necessária nesse ponto. Não consegui conectar os aparelhos. É como estar em meio a um banquete e não poder comer. Nem mesmo a sobremesa! E nem saborear o vinho.

Somente me resta a alternativa de ficar procurando, na TV fechada, velhos filmes. Os desenhos animados de hoje em dia não me atraem. Onde devem estar o Tom & Jerry? Saudade do Festival no Cine Metro do gato e rato. E aquela ave, superveloz, que dava canseira no lobo mais lento, metido a esperto, e que jamais conseguiu alcançar a sua presa?

Não vou abordar o seriado 'Flash Gordon'. O herói nos levava ao espaço sideral, coisa inimaginável nos meus 6 ou 7 anos de idade. Foguetes, trajes espaciais e muita aventura. É covardia. Apelo aos entendidos em equipamentos de vídeos e áudios. Mandem o passo a passo para ligar o videocassete à televisão. É uma emergência!

Para passar o tempo, usei o velho gramofone que tenho na estante. Tirei a poeira dos discos de 78 rotações e fiquei ouvindo Caruso, Maria Callas, Silvio Caldas, Francisco Alves, Bienvenido Granda, Maysa, Nora Ney, Vicente Celestino. Quase me tornei o ébrio, o do Vicente. Resisti e escapei. Ufa. Limpei o aparelho de ar-condicionado, desmontei, e montei, uma antiga enceradeira (lembram?). O tempo não passa. Fui podar a parreira (uvas), quase caí da escada. E o tempo não passa. Lembrei que não paguei a Taxa de Incêndio. Falta pouco para enlouquecer. Vou aprender a fazer tricô e não aceito provocações.

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