Preservação da Amazôniafoto de divulgação Embratur

Não resta a menor dúvida de que o Governo Lula já começou. Pelo menos no campo ambiental, justamente uma das áreas mais criticadas na gestão atual. A posse antecipada aconteceu com a ida do futuro presidente à COP 27 (Conferência internacional da ONU), em novembro. Líderes ambientais e chefes de Estado receberam Lula no Egito com pompas de presidente atraindo os holofotes das autoridades e da imprensa internacional em detrimento da Comitiva Oficial representando o atual mandatário, Jair Bolsonaro.
Lula costurando acordos
Acertos, parcerias, propostas, financiamentos começaram a ser acertados antes mesmo de Lula ter o poder da caneta para as assinaturas. Diante da urgência ambiental, com um país com os cofres esvaziados, a entrada de recursos externos é providencial para honrar parte das promessas para atender a este segmento. 
Sendo assim, tornam-se mais estratégicas as negociações que tragam recursos internacionais. 
A retomada de financiamentos de outros países, cancelados por conta da rejeição internacional, pode fazer a agenda ambiental andar com dinheiro de fora enquanto ainda não alocamos recursos internos suficientes para gerir outras ações financiadas pela própria União.
Posse antecipada do Governo Lula
A prova de que o setor ambiental de Lula já ganhou vida é a chegada da secretária de Estado e representante da Política Climática Internacional da Alemanha. Jennifer Morgan desembarca em Brasília não necessariamente para conversar com o atual governante, mas com Lula e a equipe de transição.
Ela ainda prepara o terreno para a presença do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, na cerimônia de posse e a partida dele, já no dia seguinte, para visitar o Amazon Tall Tower Observatory (ATTO), em Manaus.
A vinda antecipada abanando um cheque pré-datado tem o objetivo de acelerar a retomada dos repasses financeiros daquele país. A missão de Jennifer Morgan é retornar para a Europa com os acordos assinados antecipadamente por Lula e sua equipe ambiental de transição. 

Rompimento com o Brasil
O financiamento externo para a manutenção da Floresta brasileira está suspenso desde 2019 em represália ao avanço do desmatamento da região durante o Governo Bolsonaro que piorou o relacionamento ao acusar o Fundo de práticas irregulares não comprovadas até hoje. Além disso, os doadores perderam o interesse diante de denúncias de que o desmatamento atingiu o maior nível, assim como o recuo em ações de proteções e fiscalização ambiental, assim como o avanço da agricultura industrial e da mineração na região.

Prejuízos para a Amazônia
Esse atrito e a desconfiança internacional impediram a entrada de 35 milhões de euros carimbados para ações amazônicas. Recurso que já estava comissionado. Isso sem contar com outros R$ 3 bilhões que seguem parados sem aplicabilidade. Fora que, essa situação fez com que novas doações deixassem de ser efetivadas neste período. A estimativa dos conselheiros ambientais de Lula é de que exista uma imensa demanda reprimida de financiadores apenas aguardando a posse.
Reaproximação com o mundo
Junto com essa reativação com a Alemanha, outros bloqueios ambientais internacionais já estão na linha imediata de liberação. A Noruega foi a primeira anunciar esse descongelamento das relações com o Brasil durante da COP 27 através de seu ministro do Meio Ambiente, Jonas Gahr Stone.
O presidente eleito também já corteja outras nações para investirem em questões ambientais no Brasil, entre elas: Canadá, Suíça, França e Reino Unido – esta última já deu sinal positivo de sua intenção através da embaixada britânica, em Brasília.
Além dos governos estrangeiros, a comissão ambiental também já encontra-se em estado avançado de aproximação com dois gigantes fundos financeiros globais. A coluna teve acesso a informação de que um deles já está bem alinhavado, mas com o nome mantido a sete chaves até a posse. Já o outro, levantamos que é pertencente ao milionário norte-americano Jeff Bezos que já abana para o mundo um cheque de US$ 10 bilhões para aplicações em ações de combate as mudanças climáticas.

O que é o Fundo Amazônico?
Foi criado em 2008 no âmbito internacional para captar doações a serem investidas na preservação da maior floresta urbana do mundo. Pelo regimento, os recursos podem ser doados por países, empresas e cidadãos em geral. O montante arrecadado é repassado ao Brasil via BNDES, que atua como responsável por gerir os recursos.
No entanto, para o desbloqueio desses valores é preciso que o Brasil comprove periodicamente suas ações e boas intenções com relação a floresta, o que inclui: fiscalização, monitoramento, redução do desmatamento e da emissão de gás carbônico.
O Brasil estava conseguindo cumprir essas contrapartidas até 2018, possibilitando o ingresso de recursos internacionais para 102 projetos que beneficiaram 190 áreas de conservação e financiamento de 435 estudos científicos. O Fundo foi um dos principais instrumentos de apoio para projetos de proteção e desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira por uma década.