O período pré-posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), já mostrou sinais importantes do que pode se esperar na economia no seu mandato que começará em primeiro de janeiro de 2019. O primeiro registro é a confirmação de que a economia, de fato, será comandada pelo economista Paulo Guedes. Respeitado pensador liberal, com passagem de sucesso por bancos e fundos de investimentos, já delimitou o seu campo de influência quando repreendeu o coordenador político Onyx Lorenzoni, que deu pitaco sobre planos econômicos.
Guedes tem demonstrado que ainda tem muito a aprender do trato político. Algumas declarações suas sobre reformas da Previdência e tributária geraram disse me disse. Pois foi justamente no enquadramento dessas ideias que o presidente eleito atuou como bombeiro, sem desautorizar Guedes, amenizou o significado das falas desastradas e deu novo rumo aos temas.
Essa combinação de um comando na economia claro, com a formação até agora, no papel, de um time de especialistas renomados para os cargos chaves e um presidente com a sensibilidade revisora, tem agradado aos observadores e ao chamado mercado.
Bolsonaro e Guedes vem reafirmando o compromisso com o equilíbrio fiscal (não gastar mais do que arrecada), com a necessidade de uma Reforma da Previdência Social, de manter os princípios gerais da Reforma Trabalhista, de descentralizar o eixo econômico e gerar empregos.
Há lacunas e mal entendidos em relação a postura diplomática do futuro governo que, como consequência, geram apreensões nas relações comerciais com o Mercosul, com o mundo árabe e com a China. São mercados importantes para as exportações brasileiras e requerem um posicionamento mais claro e menos ideológico.
Os primeiros sinais são positivos, pela coerência em relação às ideias econômicas defendidas na campanha eleitoral. Concorde-se ou não com o pensamento de Bolsonaro, é importante reconhecer que o presidente eleito tem se postado com prudência e equilíbrio, o que diminui sensivelmente o risco de um governo autoritário, de uma ditadura militar e de intolerância com as minorias e segmentos sociais historicamente excluídos.