Por O Dia

Ano novo, vida nova. A passagem de ano tradicionalmente é um momento de renovação para as pessoas de todos os credos no Brasil. Só que desta vez houve um ingrediente a mais, que é o começo de um novo governo. O resultado das urnas trouxeram um recado claro da sociedade, que é o desejo de mudança na política e dos políticos. Na economia, até agora, no papel, tudo vai bem.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) convocou o economista Paulo Guedes para técnico do time. Ele tem currículo vitorioso na iniciativa privada e cursos nas mais renomadas escolas internacionais de gestão financeira. Guedes escalou uma seleção só de craques, com experiência no setor público e financeiro.

Usando a analogia com o futebol, que diz treino é treino e jogo é jogo, a bola começa a rolar agora. O esquema tático desenhado foi tirado dos manuais. E é hora de ver se o time vai produzir.

Mas há um certo temor de que, embora escalados em diferentes posições, todos os jogadores sejam originalmente "camisa 10". As grandes questões financeiras serão tratadas de forma impiedosamente competente, mas há dúvida se há alguém que saiba atuar no chão de fábrica, por exemplo.

O maior desafio na economia é sem dúvida o desemprego. Certamente, a esperança na mudança que consagrou a vitória de Bolsonaro passa pelo crescimento da economia e a geração de empregos. Por isso, os primeiros três meses do novo governo deverão ser decisivos para o seu sucesso, na área econômica e nas demais. Não adianta ir bem no resto e errar nas decisões econômicas.

Por isso, o time de Guedes já tem que começar marcando em cima. Tem que dizer qual é a Reforma da Previdência que vai conseguir fazer, qual é a desoneração tributária possível e quais empresas estatais serão privatizadas.

Esse foi discurso aprovado nas urnas. Se o governo conseguir demonstrar articulação política para encaminhar as medidas certas, o mercado vai acreditar que o equilíbrio fiscal será de fato alcançado, que a inflação realmente não se tornará um problema e os juros continuarão baixos.

Trocando em miúdos, Bolsonaro tem 100 dias para mostrar o que pode fazer com o seu time de economistas fora de série. Se mostrar um jogo eficaz desde o início, conseguirá confirmar a confiança da torcida e atrair novos investimentos, que irão fazer o desemprego cair. Como sempre no Brasil, é hora de torcer. Feliz ano novo.

Gilberto Braga é Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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