Em coletiva na quarta-feira, União dos Policiais do Brasil fez pronunciamento contra PEC Emergencial e medidas que afetam a carreiraReprodução

Por PALOMA SAVEDRA
Representantes da forças de segurança do país fizeram um pronunciamento nesta manhã em repúdio aos efeitos da PEC Emergencial, que prevê gatilhos mais rígidos para o controle de gastos públicos como condição para um novo auxílio emergencial aos mais vulneráveis. Entre eles, o congelamento salarial - 15 anos, ressaltam os policiais - e o impedimento de contratações. Os agentes cogitam uma paralisação, mas ainda não bateram o martelo sobre como isso se dará. 
"A PEC é uma chantagem e decreta o lockdown da segurança e do serviço público todo. O crime não faz lockdown", disse André Gutierrez, presidente da Cobrapol, em coletiva organizada pela União dos Policiais do Brasil (UPB).
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O evento contou com a presença de representantes de 24 associações. Os policiais declararam que não se trata de "rompimento com o governo Bolsonaro", pois servem ao Estado Brasileiro e não ao governante. Mas que esperavam ser valorizados por essa gestão.
Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva disse que a PEC acaba com atrativos para o ingresso na carreira policial e, além disso, promove um arrocho que afetará a categoria, consequentemente prejudicando quem está na ponta, que é a população.
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"Soa como piada para nós, como uma bravata e uma ofensa para nós. Desde 2016 não temos nenhum tipo de negociação salarial. Ano passado tivemos a Lei Complementar 173 aprovada, e ficamos também com salario congelado. Entendemos que na pandemia a medida é necessária, mas não o congelamento de contratações e investimentos na Polícia Federal por 15 anos", declarou.
"(Isso) É colocar os servidores, notadamente os policiais como bode expiatório. Os policiais, que acreditaram tanto que seriam finalmente valorizados e respeitados, estão extremamente decepcionados, desmotivados e pensando o que será dos profissionais de Segurança Pública durante esses 15 anos", concluiu.
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CRÍTICAS AO VALOR DO AUXÍLIO
Paiva e os demais representantes das carreiras policiais ressaltaram que a recriação do auxílio emergencial é imprescindível. Mas criticaram o novo valor prometido pelo governo federal e as condições exigidas para a liberação do benefício. 
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"A PEC é importante para a sociedade, mas com esses dispositivos desproporcionais é uma PEC da maldade, da destruição da Segurança Pública do Brasil", afirmou Gutierrez.
Para ele, os efeitos dessas medidas serão graves: "O efetivo de policiais está baixo, estados necessitando reposição... Usaram essa PEC da chantagem para que os deputados fossem forçados a votar a favor de R$ 200 em 4 parcelas ao cidadão brasileiro, o que é outro desrespeito. O cidadão merece muito mais do que esses R$ 200".
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SAÚDE E EDUCAÇÃO TAMBÉM
Marcelo Azevedo, vice-presidente da FenaPRF, declarou que as carreiras policiais estão sendo atacadas pelo grupo que prometeu valorizar a Segurança Pública. Ele citou ainda que, além dos agentes, outras categorias que são essenciais para a sociedade estão sendo prejudicadas.
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"Não existe Estado forte sem polícia", afirmou Azevedo, que acrescentou: "Servidores da Saúde estão abandonados, destratados. A Educação abalada e sem nenhum projeto sequer que alcance a educação básica. O que estamos vivendo é a manutenção desse Brasil de contradição".