Projeto Cria - Divulgação
Projeto CriaDivulgação
Por Lara Nascimento*
Rio - O Projeto Cria, idealizado pela atriz e educadora Laura Campos Braz, atua desde 2018 no Complexo do Caju, Zona Portuária, oferecendo aulas de teatro para crianças a partir de 3 anos e jovens. Ao todo, o projeto atende 120 beneficiários, com uma equipe de 30 colaboradores, sendo 20 voluntários de várias regiões do país como Manaus, Brasília e São Paulo.
A história de Laura com a comunidade começou após ela notar que muitos alunos tinham dificuldades de aprendizagem e decidir tentar mudar essa realidade, usando o teatro como ferramenta educacional. "Conheci o Complexo do Caju em 2015, quando fui atuar como professora de teatro no núcleo do Afroreggae. Foram dois anos de trabalho e isso fez com que eu criasse um vínculo muito grande com os alunos e com a história do lugar. Quando o núcleo encerrou suas atividades em 2017, mantive contato com os alunos que sempre demonstravam interesse em continuar com as aulas. Juntando isso à minha vontade de trabalhar com o teatro como ferramenta educacional, resolvi fundar em 2018 o Projeto Cria, oferecendo aulas de teatro gratuitas uma vez na semana, em uma sala cedida pelo CRAS XV DE MAIO", explica.

Laura trabalha com teatro de rua e, além de explorar a atuação, incentiva outros aspectos da arte ao criar enredos com História, Literatura e escrita. Assim nasceu o Cortejo Favela, que conta a história do Caju e do surgimento das favelas, integrando o Teatro e a Música com aulas de História, Literatura e Escrita Criativa, sendo assistido por mais de 100 espectadores. "O objetivo do Cortejo Favela é ressignificar o olhar dos moradores para os espaços públicos da comunidade, criando conteúdos artísticos gratuitos para a formação de plateia. Mas tivemos a temporada interrompida pela pandemia de Covid-19. Agora, vamos retomar as atividades e os ensaios gradualmente, seguindo todos os protocolos, para que possamos nos apresentar nas outras comunidades do Caju, podendo se estender para outras comunidades do Rio de Janeiro", conta.
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Atualmente, a sede do Projeto Cria fica na comunidade Parque da Conquista, mas Laura pretende expandir as atividades a partir do Método Cria, que permite o desenvolvimento em qualquer região do Brasil, com o objetivo de "fazer parcerias com outros projetos sociais, escolas públicas e levar o Método Cria para outras regiões de alta vulnerabilidade social."

O Método Cria surgiu em 2019, quando Laura participou do Co. Impacto, programa de aceleração do Instituto Ekloos, que inovou ao criar a metodologia usada na hora de ensinar, explorando o teatro como elemento e inspirado na Pedagogia Waldorf.

Pandemia

Por conta da pandemia do novo coronavírus, as atividades presenciais foram suspensas e as aulas foram adaptadas para modalidade online. Os alunos participavam de lives com profissionais de diversas áreas e depois dissertavam como forma de treinar a escrita criativa. Com o apoio do Movimento União Rio, o Projeto Cria distribuiu cestas básicas, kits de higiene pessoal e álcool durante a pandemia.
Famílias foram visitadas durante um mapeamento e, com algumas parcerias, foram instalados cinco hidro pontos pela região, um projeto da ONG Habitat para a Humanidade, que tem o intuito de dar acesso a água potável aos moradores.

E 2021 já entrou a todo vapor. Laura explica que está trabalhando para colocar em prática os projetos para este ano. "Nossas inscrições estarão abertas nas próximas semanas para as cinco oficinas, que integram o teatro com práticas artísticas inspiradas na Pedagogia Waldorf, respeitando as fases de desenvolvimento de cada criança e adolescente, despertando o interesse deles pela pesquisa e pela aprendizagem, contribuindo assim para a sua formação cultural e educacional."
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*Estagiária sob supervisão de Tábata Uchoa