Lurdes (Regina Casé)
Lurdes (Regina Casé)VICTOR POLLAK
Por Filipe Pavão*
Rio – A reta final de “Amor de Mãe” está movimentando a web. Nesta semana, o sumiço de Lurdes (Regina Casé) provocado por Thelma (Adriana Esteves) tomou conta das redes sociais. A novela de Manuela Dias, que termina na próxima semana, vai apresentar o desfecho do drama de Lurdes para encontrar e abraçar o filho Domênico, que foi roubado ainda na infância. Para Regina, interpretar a personagem e tratar de amor no horário das 21h foi um presente.
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“Como atriz, a Manuela (Dias) me deu um tesouro inominável. Não só para mim, mas para o Brasil. Em um momento em que o ódio está reinando e brotando sem vergonha de dar as caras, você conseguir fazer uma flor no meio da lama e falar de amor é importante. A gente está cansada de ouvir que não é para construir muros, mas sim pontes. A Lurdes e a novela trazem isso”, diz Regina.
Em março de 2020, quando o mundo parou em decorrência da pandemia da Covid-19, Regina gravava “Amor de Mãe”, estava em cartaz com uma peça teatral e havia estreado o filme “Três Verões” . Ela conta que “puxar o freio de mão” e parar com todos os projetos foi difícil, apesar de necessário.
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“A Lurdes é uma personagem muito arrebatadora. Para fazê-la, eu me joguei e puxar o freio de mão foi mais difícil. E não só pela personagem, mas pelo encontro com o elenco também porque a gente criou, de fato, uma família. Além disso, eu tinha acabado de estrear uma peça e um filme... Eu plantei, plantei e plantei, mas quando fui com o balaio para colher, veio a pandemia e tudo foi represado”, lamenta Regina.
Gravações do “novo normal”
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Quando as gravações da novela retornaram, Regina conta que não conseguia esconder a felicidade de reencontrar os amigos de trabalho. Além disso, garante que se sentia protegida e cuidada pelos atores do elenco e pela produção, que seguia fortemente o protocolo sanitário, como estadia em hotel, testes constantes, acrílico nos sets, álcool gel e máscara.
“Me senti segura e muito bem cuidada. Na nossa família na novela, eu sou a mãe e a pessoa mais velha. Então, todo mundo estava preocupado comigo. Mas, ao mesmo tempo, eu era a que mais se jogava porque era a que estava mais frustrada por ter aquilo tudo guardado. Quando voltei, eu queria pular, abraçar e beijar. Nesse aspecto, não era imprudência, era amor mesmo”, relembra Regina.
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O que as gravações do “novo normal” não permitiram foi o pagode dos sábados, o qual a atriz lembra com carinho. “Depois de gravar muitas horas durante a semana, todo mundo chegava rebocado no sábado. Antes da pandemia, a gente criou o hábito de levar uma caixa de som e colocar um pagode de manhã para dançar com os cabeleireiros, as maquiadoras e as camareiras. Esse momento do pagode, do sábado, era muito bom”, recorda Regina.
Pandemia
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A atriz, que foi vacinada contra a Covid-19 nesta semana, conta que seguiu à risca as orientações dos médicos ao longo desse ano pandêmico. No início, acreditava não ser o ideal colocar a pandemia dentro da narrativa da trama, mas viu que seria inviável não levar e gostou do resultado.
“Lurdes é o Brasil, o que estamos vivendo. Como vou ganhar dinheiro? Como meu filho vai trabalhar? Como o outro vai poder sair? Como vou poder ir ao médico? Todas essas emoções, que são novas e estamos aprendendo a lidar a duras penas com elas, estão na novela”, conta.
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Regina ainda reflete sobre a importância de repensar atitudes enquanto sociedade. “Nem todos entenderam, mas espero que todos entendam, que a gente precisa pensar na humanidade como um todo, nos bichos, nas plantas. Todo mundo depende de tudo o tempo todo. Se não, a gente vai viver esse inferno por muito tempo ou repetidas vezes”, reflete Regina.
Óculos, bolsa e toalhinha
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Depois de seis meses sem gravar, Regina conta que não teve dificuldades para retomar os trejeitos e o sotaque de Dona Lurdes, que fazem tanto sucesso entre os telespectadores da novela, por causa de “objetos mágicos”. “Eu tenho uma curiosidade engraçada. Quando se passaram seis meses e voltei aos estúdios para gravar, eu botei os óculos, pendurei a bolsa e ajeitei a toalhinha. A Lurdes veio e não demorou nem um segundo”, brinca Regina.
* Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa