Nelson Sargento
Nelson SargentoReprodução
Por Juliana Pimenta
Rio - Presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, Nelson Sargento morreu, nesta quinta-feira, aos 96 anos. A dor da partida de um dos maiores nomes do samba é compartilhada não só pelos fãs, mas pelos artistas que trabalharam e conviveram com o compositor. Por conta da pandemia, a família de Nelson informou que não haverá velório e seu corpo será cremado em cerimônia restrita. Mesmo assim, amigos e admiradores do compositor fizeram questão de homenageá-lo em sua despedida.


Rivais na avenida, Nelson e Tia Surica nunca deixaram a competição fazer parte da relação que construíram. "Eu não estou bem, o Nelson vai deixar muitas saudades. Ele foi um grande compositor. O mundo do samba está de luto. Ele foi muito amigo, eu tinha muito carinho por ele e ele por mim. A Portela também está abalada com essa perda, porque é uma perda para a cultura. Ele era muito mais que um compositor", se emociona Tia Surica, uma das principais representantes da Portela, enquanto entoa versos de 'Agoniza mas não morre', composta pelo amigo.

Nascido e criado no mundo do samba, Diogo Nogueira quer seguir o legado deixado pelo mestre. "Nelson Sargento é daqueles que não podiam morrer nunca. Me quebrou indo embora. Mas está tudo guardado aqui dentro, cada momento, cada minuto e cada aprendizado. Prometo continuar lutando pelo nosso samba, obrigado por tudo que fez!", declara o sambista.

Mangueirense, Alcione também lamentou a partida do amigo e destacou o jeito cordial com que o compositor trata os colegas. "Seu Nelson Sargento pertenceu a uma linhagem que quase não se encontra mais. Ele era um lord! Um lord na maneira de se comportar, de se vestir, de falar... Ele era um dos galhos fortes do nosso Jequitibá do Samba, que é a Mangueira. Tenho maior orgulho de pertencer a essa escola, também por conta de seu Nelson, orgulho do samba", homenageia Marrom.

Muito abalado pela perda de mais um amigo, Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos, destacou a trajetória de Nelson Sargento. "Uma pessoa que dignificou de uma forma tão construtiva a nossa Música Popular Brasileira no que diz respeito ao samba autêntico, ao samba de raiz. É um momento tão difícil para extravasar, falar a respeito de um nome consagrado que, entre tantos, é um dos melhores compositores de todas as épocas. Ele, infelizmente, nos deixou, mas deixou um legado importante como mensageiro de um movimento cultural nobre, que é levar alegria e descontração para as pessoas", ponderou o representante do Fundo de Quintal.

Presidente da Mangueira, Elias Riche também fez, em nome da escola, uma homenagem ao artista. "Sua partida deixará saudades em todos os amantes do samba e da cultura brasileira. A semente plantada por ele rendeu frutos que estarão eternizados junto à certeza de que 'O samba agoniza, mas não morre' jamais. Vai amigo Nelson, com seu jeito fino e elegante, se juntar a Cartola, Nelson, Jamelão e outros bambas, fazer uma roda de samba e olhar por nós. A Estação Primeira de Mangueira agradece por tudo. Nossos sentimentos a todos os amigos e familiares", lamentou.