RebeccaRodolfo Magalhães

Rio - Questionar padrões estéticos de beleza é o objetivo da cantora Rebecca, de 23 anos, ao lançar a música "Barbie", neste mês. Em parceria com Danny Bond, Pocah e Lexa, a funkeira carioca ressignifica o universo da boneca branca, loura e rica, que virou referência de moda ao redor do mundo, e traz para o contexto brasileiro a fim de mostrar que existem outros estilos de Barbie.
"Eu quero passar a mensagem de que todas nós podemos ser Barbies, não só aquele padrão de cabelo liso, louro e corpo magro. Barbie é um dos primeiros brinquedos que nós, mulheres, ganhamos. Mas a gente não faz ideia do quanto é ruim a longo prazo, o quanto é difícil sair desse estereótipo e ver beleza em traços diferentes", diz ela ao refletir sobre a boneca lançada em 1959.
"É difícil crescer sem ver a nossa cor nas vitrines, na TV, nos brinquedos… Esses lugares pareciam impossíveis de serem alcançados por nós. Mas me deixa muito feliz ver a diversidade das bonecas hoje. Olhar a minha filha se sentindo representada me emociona demais, é uma conquista", completa.
Rebecca revela que se juntou a Lexa, Pocah e Danny Bond, cantora trans alagoana que é uma das autoras da canção, para passar mensagem de empoderamento de maneira leve, direta e com muito funk. "(A parceria) surgiu da minha vontade de enaltecer outras mulheres e fazer com que elas se sintam representadas. 'Barbie' traz essa diversidade. Quatro mulheres periféricas, diferentes entre si e todas são Barbies completamente livres de qualquer padrão", reflete.
Videoclipe
Para gravar o videoclipe, que se tornou o mais caro da carreira de Rebecca, as quatro cantoras se vestiram como a boneca norte-americana e adaptaram o figurino para o humor brasileiro. Com estética rosa, muita dança e rebolado, Rebecca ainda entregou coreografia repleta de movimentos famosos no TikTok.
"A gente quis trazer uma Barbie anos 90 porque, na minha infância, eu não tinha referência de Barbies que fossem pretas, atualmente eu já consigo encontrar Barbies para minha filha brincar e se identificar. Entrei nesse mundo cor de rosa da Barbie com muito funk e roupa de grife (risos) porque a gente também pode", continua.
E Rebecca está feliz com o resultado do trabalho. Até o momento, o clipe já foi visto cerca de três milhões de vezes somente no YouTube. "Nossa, eu estou muito feliz. Porque, além de ser uma música que faz um protesto, ela é pra ser dançada. E todo mundo está fazendo a coreografia nas redes sociais. Acho que o público está curtindo demais", continua.
Um grande desejo de Rebecca para o novo ano que se inicia é levar esse sucesso aos palcos. "Eu espero que todo mundo se vacine e que possamos voltar com tudo. Estou louca para cantar e ver o povo cantando 'Barbie' comigo", revela.
Representatividade
Se Rebecca cresceu sem se sentir representada nas bonecas, na TV e nos espaços de destaque, hoje, celebra ser inspiração para outras meninas. A cantora comenta a responsabilidade de influenciar outras garotas, principalmente as que vem de lugares periféricos como ela, que nasceu e cresceu no Morro São João, no Engenho Novo, subúrbio do Rio de Janeiro.
"Eu fico muito feliz em poder servir de exemplo. A música sempre esteve muito presente na minha vida, desde que frequentava o Salgueiro, e me abriu portas muito importantes. É uma responsabilidade muito grande influenciar meninas que estão persistindo para realizar seus sonhos. Mas isso me dá mais força para continuar", pensa.
"Estou muito feliz e realizada com tudo o que a música me proporcionou. Pude melhorar a minha condição de vida e de toda a minha família. Consigo entender cada vez mais a importância de uma mulher como eu cantar o que eu canto, ocupar certas posições e frequentar certos lugares", completa.