Wagner MouraBob Wolfenson/ Divulgação

Rio - Wagner Moura, de 45 anos, tem ganhado cada vez mais destaque no exterior. O ator faz parte do elenco da série americana 'Iluminadas', baseada no best-seller de Lauren Beukesque, que estreia na Apple TV, +, nesta sexta-feira (29). Na trama, ele dá vida ao jornalista Dan Velázquez, que ajuda a arquivista Kirby Mazrachi, interpretada por Elisabeth Moss, a relacionar uma agressão sofrida por ela no passado a um assassinato recente. Juntos, eles reúnem pistas para tentar descobrir a identidade do criminoso. 
Em sua preparação para o personagem, Wagner revisitou sua antiga formação. "Gosto de pesquisar muito antes de começar um trabalho. Esse personagem tem uma coisa interessante, ele é um jornalista, que é a minha formação. Comecei a conversar com meus amigos jornalistas de Salvador sobre a diferença de ser um jornalista dos anos 90, que é onde a história acontecia, que foi mais ou menos na época que nós estávamos em uma universidade, e hoje em dia. Vi a situação do jornalismo hoje, a situação do jornalismo naquela época. Comecei a ler livros de jornalismo, Truman Capote. Uma coisa muito legal que eu fiz é que me conectei com um jornalista do Chicago Sun-Times, Bob Herguth, jornalista investigativo. A preparação começou pelo jornalismo", comenta. 
O ator ainda conta uma curiosidade sobre Dan: o jornalista é brasileiro, diferente do livro em que o personagem é porto-riquenho. "Essa foi uma questão que não era pra ser, mas eu pedi pra ser. O Dan do livro, se não me engano, é porto-riquenho. E a Silka Luisa (produtora executiva e showrunner), a família dela é dominicana. Ela tinha uma questão muito forte com isso, era pessoalmente importante pra ela a coisa do Caribe. Disse para ela que ele (Dan) podia falar espanhol. Mas achava que ia partir de um lugar mais orgânico se esse pai, que cuida de um filho sozinho, que é brasileiro, falar português com seu filho. Ela (Silka) no começo ficou um pouco reticente, senti que ela não ficou feliz com a sugestão, mas cedeu. Depois, filmando o episódio 3, ela veio falar comigo e disse: 'Cara, obrigada. Foi a melhor decisão que a gente fez, é bonito ver você falando português em casa com o menino, é orgânico, é verdadeiro'", revela. 
Apesar de falar português em alguns momentos, Wagner diz que não é fácil gravar uma série inteira em outro idioma. "É outra coisa. Sinto que quando trabalho em inglês ou espanhol, é um esforço muito maior que eu trabalhar em português. Não falo inglês ou espanhol desde pequeno. Essas línguas não são conectadas com o meu emocional, com a maneira que o português é. Sinto que é um trabalho dobrado que eu tenho. Mas eu gosto de trabalhar, então, dá tudo certo", destaca. 
Após assistir os quatro primeiros episódios da série, Wagner admite ter ficado feliz com o resultado. "Gostei muito do que vi. Meu personagem começa a pegar tração a partir do episódio três. Você começa a entender melhor quem ele é a partir do terceiro, que é um episódio que eu gosto muito. Estou super animado pra ver o resto da série. É uma série muito difícil. Desde o roteiro, quando eu li, pensei: 'É um negócio difícil de você equilibrar', porque ele equilibra vários gêneros. A série é um drama de uma menina procurando o cara que a violentou. Ao mesmo tempo, procurando a ela mesma, ela vai se empoderando com o passar da série. É uma série que trata de um assunto pesado que é o feminicídio. Ela equilibra muito bem essa mistura de gêneros. O que leva a pessoa a acompanhar a série é a conexão que a pessoa faz com o personagem principal. Essa conexão que a gente faz com a Kirby (Elisabeth Moss) é muito forte desde o começo. Uma pessoa que sobreviveu a um trauma e tenta botar sua vida de novo no trilho. É uma coisa que conecta cada um de nós", opina.
Uma das maiores referências quando se trata de atores que levaram o nome do Brasil para o exterior, Wagner fala sobre o fato de ser uma inspiração para novos artistas. "Lido bem. Tento ser fiel e honesto comigo, com o que eu acredito, sinto. Que é meu caminho como artista, cidadão, pessoa. A partir daí, algumas pessoas vão achar e ver na minha trajetória algum exemplo, sobretudo jovens atores do Nordeste, fico feliz de ser uma referência pra eles. Mas também não fico pensando nisso, se eu ficasse pensando nisso, muita gente não gosta do que eu digo, não é feliz com as coisas que eu falo. Mas eu falo, porque vem de um lugar honesto, saber quem eu sou, o que quero, o que penso. E assim sigo a minha vida".