Klara CastanhoReprodução do Instagram

Rio - A atriz Klara Castanho, de 21 anos, usou sua conta no Instagram para publicar uma carta aberta, na noite deste sábado, revelando ter sido vítima de violência sexual. No decorrer do texto, ela, que define este como o "relato mais difícil" de sua vida, contou que engravidou após o estupro e que entregou a criança para adoção. 
"Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada", iniciou a atriz. 
Ainda conforme a postagem, Klara Castanho afirmou ter tentado tomar algumas medidas para evitar a gestação, como "tomar pílula do dia seguinte e fazer alguns exames". Contudo, mesmo fragilizada se forçou a seguir adiante e se manter focada na família e no trabalho. "Mas mesmo tentando levar uma vida normal, os danos da violência me acompanharam", lamentou a artista.
"Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família, nem dos meus amigos. Estava completamente sozinha. Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse", contou Klara.
Entre as inúmeras consequências da agressão, ela citou: "Uma tristeza infinita que eu nenhuma vez tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok, enquanto eu estava despedaçada. Somente minha família sabia o que tinha acontecido".
Ao dar prosseguimento ao relato, ela destacou que descobriu a gravidez ao passar mal e procurar um médico. Porém, o profissional que a atendeu não se solidarizou com sua dor e a violência sofrida, mesmo após revelar que foi estuprada.
"Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube. Foi um choque. Meu mundo caiu", contou. "O médico não teve nenhuma empatia por mim.Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha e não tenho condições emocionais de dar para essa criança o amor, cuidado e tudo que ela merece ter", disse.
Poucos dias após a descoberta, Klara passou pelo parto e tomou a atitude que eu considera a "mais digna e humana", a adoção legal. "Um processo que, pela própria lei, garante sigilo para mim, para a criança. A entrega foi protegida e em sigilo", explicou.
"Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo que eu fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado de acordo com a lei".
Klara lamentou ter sido violada por um homem e, agora, por tantas pessoas que a julgam. Apesar de tudo, no momento está sendo amparada pela família e cuidando de sua saúde física e mental. "Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhados pelas violências que elas sofrem", finalizou.
Entenda
A gravidez de Klara Castanho veio a público após Antonia Fontenelle expor o caso em uma live no YouTube. Na última sexta-feira, a apresentadora relembrou uma entrevista de Leo Dias, em que o colunista citava a história de uma jovem atriz que supostamente engravidou e rejeitou o filho, entregando o bebê para a adoção. De acordo com a influenciadora, a artista teria se recusado a interromper a gestação por motivos religiosos.
Durante a transmissão, Fontenelle não revelou nomes mas detonou a postura da atriz, que segundo ela teria ameaçado cometer suicídio se tivesse seu caso revelado. “Na hora de pegar uma criança, parir e jogar no mundo, que não sabe nem o que vai acontecer, aí não tem religião certa, aí pode. É isso mesmo?”, questionou a loura. “Não ouse me ligar chorando, porque eu posso perder a paciência e dar seu nome”, completou, aos gritos.
Logo após o fim da live, internautas começaram a levantar suspeitas sobre a identidade da atriz que teve sua gravidez exposta por Leo Dias e Antonia Fontenelle. Na manhã de sábado, o nome de Klara Castanho estava entre os assuntos mais comentados das redes sociais, enquanto usuários do Twitter apontavam a possibilidade de a jovem ser a pessoa citada.
À noite, após toda a polêmica, a jovem atriz publicou a carta aberta.
Relembre a carreira de Klara Castanho
Klara Castanho começou a carreira artística aos nove meses de vida, quando estrelou um catálogo de moda e gravou alguns comerciais. A estreia como atriz aconteceu em 2006, com a série "Mothern", do GNT. A paulista de 21 anos ganhou destaque ao interpretar a primeira vilã mirim em uma novela da TV Globo, quando deu vida à Rafaela, de "Viver a Vida", filha de Dora (Giovanna Antonelli). Na época, a Justiça brasileira chegou a intervir na trama de Manoel Carlos, alegando que a artista poderia não ter maturidade para distinguir ficção e realidade.
Com o sucesso do folhetim, Klara assinou um contrato de dois anos com a emissora e atuou em "Morde & Assopra" e "Amor Eterno Amor", antes de interpretar a Paulinha de "Amor à Vida". Na novela, a atriz assumiu o papel da filha perdida de Paloma, vivida por Paolla Oliveira, que tinha sido deixada em uma caçamba de lixo pelo tio Félix (Mateus Solano), logo após seu nascimento.
No cinema, Klara firmou uma parceria com a escritora Thalita Rebouças e estrelou três adaptações de obras da autora. Em 2016, a atriz protagonizou o longa "É Fada!", ao lado da youtuber Kéfera Buchmann. No ano seguinte, se juntou a Maisa Silva e Mel Maia para formar o trio principal de "Tudo Por Um Popstar".
Recentemente, foi vista como a Tetê de "Confissões de uma Garota Excluída", lançado na Netflix em setembro do ano passado.
Ao longo desse período, a jovem também participou da série "Mal Me Quer", da Warner Channel, e chegou ser convidada para participar do "BBB 20", mas recusou por compromissos profissionais. Em breve, Klara estará na segunda temporada de "Bom Dia, Verônica", série da Netflix em que contracenará com Reynaldo Gianecchini, como a filha que sofre violência doméstica do pai, que é pastor.