Zezé Di Camargo no show de apresentação de seu novo projeto, ’Rústico’, em GoiâniaAg. News

Rio - Após 30 anos de sucesso da dupla formada com o irmão, Zezé Di Camargo encara um novo desafio com o projeto solo "Rústico". Desenvolvido no período que passou com a família em sua fazenda em Araguapaz, em Goiás, o trabalho resgata a essência do interior por meio de canções inéditas. "Rústico" ganhou um EP com cinco faixas, além da expectativa para a turnê que deve agitar os quatro cantos do país. Apesar do foco total nesta nova fase, Zezé Di Camargo garante que esse não é o fim da parceira com Luciano.
"Para você acender uma chama não precisa apagar a outra. Zezé Di Camargo e Luciano sempre foi prioridade na minha vida. Nós pertencemos ao nosso público, mas isso não pode me impedir de alçar voos diferentes, de tentar fazer coisas diferentes e mostrar novidades. O Luciano está fazendo coisas diferentes, que é o trabalho no gospel. A gente pode cuidar muito bem dos dois, mas a menina dos olhos hoje é o 'Rústico'. É uma necessidade de renovação musical e eu preciso de desafios", conta.
De Volta às Raízes
Com o surgimento da pandemia da covid-19, Zezé Di Camargo resolveu passar um tempo em sua fazenda, em Goiás, acompanhado pelos familiares. A calmaria do interior serviu de inspiração para a idealização do trabalho solo. "Tudo aquilo acabou me levando a pensar nesse projeto: estar na fazenda e ter meu pai do lado. Aquilo foi me trazendo recordações da infância, eu nunca tinha ficado tanto tempo na fazenda como fiquei durante a pandemia. A junção desses acontecimentos me levou a pensar no 'Rústico'. Chamei o Felipe Duran [produtor musical], improvisei um estúdio e fizemos um som. Nós começamos a fazer algumas canções, a Graciele [Lacerda, mulher de Zezé] filmou e postamos alguns vídeos. A resposta foi surpreendente para mim. Esse projeto nasceu de uma adversidade na vida de todos nós. Eu estava com o meu pai no final da vida [Seu Francisco morreu em novembro de 2020] e isso me fortaleceu musicalmente. Foi um recomeço para mim", afirma.
O projeto vai além da realização de uma turnê, o sertanejo espera transformar o "Rústico" em um grande evento, assim como o "Buteco", criado por Gusttavo Lima. "A proposta dá a impressão nas pessoas que seria um repertório com músicas sertanejas e mais tradicionais. Mas a simbologia da palavra é o jeito (rústico), independente, do gênero musical. É a maneira de vida. Dentro do repertório, eu preservo muito as músicas que consagraram a minha carreira ao lado do meu irmão de um jeito moderno e com menos instrumentos. É um projeto que eu quero trazer convidados e transformar em um evento", entrega.
Motivação
Com uma trajetória artística de muito sucesso, Zezé Di Camargo admite que a vontade de se reinventar foi o combustível para a elaboração do projeto solo. "Eu sou prolixo e ansioso, eu sempre quero fazer coisas novas e nunca me acomodei. Eu e o Luciano talvez sejamos os sertanejos que mais cantaram com artistas de outros gêneros. Eu gosto de novos desafios. A minha carreira não estava ruim, mas chega um momento que fica no automático. O 'Rústico' trouxe isso para mim pelo desafio de ser sozinho. Só vou deixar de me desafiar quando não tiver mais vida."
Turnê Internacional
Empolgado com o projeto solo, o sertanejo pensa em expandir os shows internacionalmente, mas ainda espera que o público se familiarize com o 'Rústico', seguindo a mesma trajetória de sua carreira com a dupla. "Fazemos muitos shows fora do Brasil com a dupla Zezé Di Camargo e Luciano, temos um público muito grande na Argentina, Portugal, Paraguai, Angola e Bolívia. Fizemos shows em Assunção para 45 mil pessoas. Eu acho que o 'Rústico' vai chegar nesses países vizinhos, nas redes sociais têm muita gente pedindo, inclusive em Buenos Aires. Como é um produto novo, o desafio é fazer com que esse nome entre na cabeça das pessoas e faça parte do dia a dia. Fizemos o DVD e agora iremos mostrar o formato festa. Queremos fazer um evento com seis horas de música e participações especiais. Aí quando as pessoas entenderem o que é o 'Rústico', não verei nenhum problema em levar para fora do país."
Reportagem da estagiária Letícia Pessôa sob supervisão de Tábata Uchoa