Sorriso Maroto comemora 25 anos com show especial de músicas antigasArthur Rodrigues

Rio - O Sorriso Maroto, um dos grupos de pagode mais antigos do país, está completando 25 anos de carreira nesta quinta-feira (15). Para comemorar essa data marcante, a banda formada por Bruno Cardoso, Sergio Jr, Vini, Cris e Fred, preparou uma festa totalmente voltada para os fãs e que teve início um mês atrás, no Maracanã. Intitulada de “Sorriso As Antigas”, o evento relembra toda a história musical deste quinteto que há mais de duas décadas conquista o público com seu romantismo. Mas, o que começou como um pequeno evento comemorativo, tomou proporções inimagináveis para os integrantes do grupo, com ingressos esgotados em exatos 27 minutos.
SORRISO AS ANTIGAS

O vocalista Bruno explica que o show temático já está sendo planejado há quase dois anos, e que a ideia surgiu após uma live durante a pandemia. “O momento em que a gente teve a absoluta certeza de que algo especial tinha dentro do repertório do Sorriso, principalmente nas músicas mais antigas, foi quando a gente precisou parar por conta da pandemia, e ficamos tentando entender de que forma poderíamos continuar comunicando a nossa música, continuar trabalhando. E aí surgiram as lives. Dentro desse processo, o Sorriso ensaiou o primeiro movimento desse tema 'Sorriso - As Antigas', quando a gente fez nossa primeira live, que já foi praticamente nosso projeto inteiro”, relembra.
“E foi assustadora a aceitação disso. A gente não tinha a menor ideia do que estávamos fazendo, de qual seria o futuro daquilo. Só pensamos: ‘a única coisa que pode ser legal para o público e para a gente nesse momento é cantar a nossa história’. E nessa live priorizamos repertório de 2015 para baixo, e cantamos para lá de quatro horas de música. E o resultado daquilo foi que batemos alguns recordes de visualizações, vários números relevantes”, conta o vocalista.

Foi a partir desse sucesso inesperado que o Sorriso começou a voltar os olhos para o seu passado e enxergar no repertório antigo um potencial para um projeto novo.

“A gente como banda tomou uma decisão muito séria a partir daquela live, que foi a de continuar monitorando esse repertório antigo, de ficar criando essa expectativa nas pessoas de que algo poderia acontecer, como um show, como uma experiência, como um evento. Então, depois, saindo da fase da pandemia, a gente começou a tocar um bloco significativo de músicas antigas, que não necessariamente estariam no repertório dos shows comuns. E aí a gente foi criando vários movimentos para as pessoas começarem a entender que algo especial estava por vir, que seria essa data comemorativa de 25 anos, um ano que a gente vai reviver todas as fases do Sorriso. Estamos criando, a partir do 'Sorriso - As Antigas', uma série de ações, e essa é apenas uma dessas comemorações. Vão existir outras. Quem sabe a gravação de um projeto, que é a nossa grande vontade, de registrar esse momento. A gente está começando o ano cheio de ideais, pensando em calendário, tentando fazer com que a gente consiga colocar tudo dentro desse ano, que é muito especial para banda, e viver toda essa experiência com o nosso público” continua Bruno.

O sucesso foi tanto que uma segunda edição em terras cariocas já começou a ser planejada e está prevista para o dia 15 de janeiro, desta vez no Riocentro. E posteriormente em São Paulo, no dia 4 de fevereiro.

“Foi uma surpresa. Uma grata surpresa. A gente ficou muito feliz com esse resultado. E ganhamos um bom problema para resolver. Porque as pessoas falavam ‘eu quero, e eu não consigo mais’. E a gente começou, naquele mesmo dia, a procurar soluções. Entramos em contato com o Maracanã para aumentar a área, mas eles não deixaram. E aí fomos buscar uma nova data, e mesmo já com a agenda fechada conseguimos a do dia 15 de janeiro. Aí só quando tivemos a confirmação do Riocentro que a gente pôde divulgar. E também já está quase esgotando. Aí abrimos [as vendas] em São Paulo, e em seis horas esgotou para mais de 15 mil ingressos. Foi uma coisa absurda”, ressalta o violonista Sérgio Jr. “Acho que a gente não tinha uma noção real do tamanho do evento. Agora que a gente está começando a se acostumar”, destaca o tecladista Vini.

Bruno aponta ainda que o grupo não imaginava que conseguiria alcançar um público ainda maior do que o Sorriso Maroto está acostumado a encontrar nos shows comuns.

“Por exemplo, a gente na estrada tem uma média de público de 10 mil pessoas. Esse evento já nasce hoje com um público médio de 20 mil pessoas. E a gente não tinha a menor ideia de que pudesse ser assim. A gente imaginava ele um evento menor num primeiro momento”, diz o vocalista, que em seguida explica o motivo da escolha do primeiro lugar para o show.
“Por isso a gente fez no Maracanã, por uma questão também de estar em casa. A gente cresceu ali, tem os nossos amigos, familiares. Então é uma relação espiritual, sentimental, familiar. Tem um monte de coisa envolvida que a gente se sente bem, e por isso a gente tinha que começar pela Zona Norte do Rio de Janeiro. A gente queria começar pela nossa área, pela nossa região. O Maracanã foi escolhido por conta disso. Mas tudo isso alinhado a uma métrica que a gente tinha do público médio do show do Sorriso. Porém, esse evento trouxe uma carga de público muito maior do que a gente estava acostumado a ter”, analisa.
IMERSÃO

Para além de um show com músicas retrô, o “Sorriso - As Antigas” também envolve uma imersão interativa na história da banda desde a entrada no evento, com um túnel de memórias, trechos das canções, pequenas mensagens gravadas em áudio pelo grupo, espaço para deixar recados para os integrantes, diversos lugares para fotos e até mesmo um karaokê que virou um show a parte. Bruno explica que as ideias partiram dos próprios fãs ao longo da carreira da banda.

“A gente pegou esse espírito bem humorado da galera e transportou para o nosso universo. Então, eles criaram, não foi a gente que criou. É 100% autoral do público do Sorriso. É o feedback dos nossos fãs. Obviamente a gente coloca ali a nossa história, porque esse é um evento temático, então você é impactado pela nostalgia. Tem toda uma imersão que a gente criou, mas muitas das coisas que acontecem são aquilo que o público gosta”, conta ele. “É como se fosse um evento que eles mesmos planejaram. Então a gente foi pegando as ideias que eles colocavam em comentários e materializamos”, completa Vini. “Virou a Disney do Sorriso”, brinca Sérgio Jr.
Bruno completa afirmando que o show foi feito para os fãs. “Ele se torna um evento em algum momento, mas ele é uma festa de comemoração. Ele pode acontecer para 20 mil pessoas, para 30 mil pessoas, lotar um estádio, quem sabe? Se acontecer, que legal. Mas não é o foco principal. O foco é comemorar com os nossos fãs. Então esse compromisso nosso, essa nossa entrega parte do dever de dar esse feedback para as pessoas de como foi bacana saber que o fã acompanhou e está com a gente há 25 anos”, reitera.
A CAMISA VERDE

Em meio aos fãs e aqueles que acompanham o Sorriso Maroto ao longo desses anos, criou-se uma referência muito grande no figurino usado pelo vocalista na gravação do primeiro DVD. A camisa verde de Bruno passou a ser objeto de identificação das músicas antigas do grupo.

“As pessoas criaram uma aura envolta da camisa verde, que parece que eu virei um super herói, mas para nós é apenas uma camiseta (risos). Se eu contar a história vocês não acreditam, porque ela foge totalmente a regra do que deveria ter sido o correto. Na verdade o meu figurino para aquele DVD é o que o Vini usa. Eu não gostei, e aí ele usou. Então, foi meio que uma malcriação minha. E aí eu, buscando alguma coisa que me fizesse bem, fui num shopping e comprei aquela roupa, a contragosto de gravadora, de figurinista. Tinha uma marca ali. A gente não tinha nenhum tipo de acordo com aquela marca. Então, é muito doido que na inocência a gente criou algo. Por malcriação pura, eu usei uma blusa que virou uma referência de uma época. Para os fãs do Sorriso aquilo é algo muito simbólico. Então tem uma magia que se criou dentro da história do Sorriso, principalmente dessa etapa da nossa carreira, que é bem interessante. E isso a gente fez questão de voltar no projeto, é um dos pilares, trazer as coisas que marcaram dentro da nossa discografia. Musicalmente falando, a gente tentou preservar os arranjos originais, com as introduções originais. Acho que toda essa química do evento, das pessoas se envolverem dessa forma, se dá por conta dessas referências”, conta Bruno.

OS 25 ANOS

Essa estética de retomar os clássicos do grupo também foi vista no novo álbum do Sorriso Maroto, “Como Antigamente”, que é um disco produzido apenas com músicas que foram feitas há anos e ficaram guardadas. Para Bruno, é assim que o grupo enxerga os próximos anos da carreira, produzindo, mas sempre com a mesma essência.

“O Sorriso Maroto é uma banda muito inquieta no campo criativo. Estamos há 25 anos entregando álbuns, compondo, saindo em turnê, e fazendo essa roda girar. A gente não consegue se ver ao contrário. A gente só se enxerga produzindo”, ressalta. “E o disco 'Como Antigamente' é interessantíssimo dentro de tudo isso, porque ele é uma ação coordenada. Ele é mais um pilar de várias ações dos 25 anos. A gente montou esse repertório todo com esse sentido, de resgatar dentro dessas composições aquela nossa essência. O 'Como Antigamente' é basicamente um 'Sorriso - As Antigas' de músicas inéditas”, reflete.

Fugindo do destino de muitos grupos de pagode, o Sorriso Maroto se mantém fiel a sua formação original e não se vê de outra forma. “É um dependente do outro dentro da sua personalidade. A gente precisa que essa engrenagem esteja 100% equilibrada e funcionando. O Sorriso Maroto não sou eu, não é o Sérgio, não é o Vini, nenhum de nós consegue ser o Sorriso Maroto. Mas nós cinco, esquece (risos)”, finaliza Bruno Cardoso.