WIU celebra apresentações em festivais como o Universo Spanta, que aconteceu no último sábado (27)Divulgação/ Mateus Aguiar

Rio - Com mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify, WIU tem se destacado no trap com hits como "Coração de Gelo", além de "Felina", sua parceria com MC Ryan SP, e "Vampiro", com Teto e Matuê. Aos 21 anos, o cantor e produtor musical celebra suas apresentações em festivais, como o "Universo Spanta", que aconteceu no último sábado (27), e reflete sobre a carreira e sucesso nas paradas musicais. Confira a entrevista!
-Como surgiu a ideia do nome artístico WIU?
Eu já tive vários outros nomes até chegar nesse, WIU, como a gente conhece hoje. No começo, eu era muito das batalhas de MC, eu gostava muito de frequentar, rimar, batalhar, e eu era Will MC. Eu lembro que eu cheguei para rimar uma vez na primeira batalha e falei que eu queria ser Vini MC — meu nome é Vinicius William — e o organizador da batalha falou que não dava porque já tinha um cara chamado Vini MC, senão ia confundir. Ai eu falei: "Pô, tá bom, então vai Wil MC". Comecei a me chamar daquilo, virar apelido entre os amigos na época de escola, e com o tempo eu adotei esse nome Will.
O meu irmão sempre assinava com W$LL, o jeito dele de escrever Will na época porque o nome dele é Kelvin William. Então, eu roubei o nome dele e adotei o W$LL, foi quando eu comecei a conhecer o trap, e aí com o tempo eu só virei Will. Era com dois "Ls", não era com "U" ainda. Quando eu comecei a levar meu trabalho com um pouco mais de seriedade, profissionalismo, o Matuê me deu uma sugestão: "Irmão, por que tu não muda seu nome, não dá uma trabalhada nesse Will? Vamos tentar escrever Will de outro jeito, talvez". Porque tinham vários outros Will famosos. Então, para eu ficar mais destacado na pesquisa, a gente priorizou fazer um rebranding e, ao invés de Will, a gente botou WIU. Achei muito bonita essa estética.
- O que representa para você se apresentar em um festival como o Spanta? E qual foi a ideia para o show?
Toda vez que eu subo no palco, eu sinto que eu tenho uma missão ali. Eu sempre quero colocar um sorriso no rosto das pessoas, sabe? Sempre foco na entrega, dar o melhor de mim, cantar o melhor que eu puder e fazer um show impecável para quem foi ali me ver porque eu sei que tem muita gente que fez o seu esforço para ver ali o ídolo, o artista que gosta. Em um festival desse tamanho, a responsabilidade é ainda maior. E mesmo sendo responsabilidade, eu não deixo de tratar com leveza. Sempre que eu posso, eu me divirto, gosto da resenha que tem no backstage com outros artistas… Nesse show, assim como em qualquer outro, a minha ideia justamente foi essa, mostrar um pouco da minha história, me conectar com o público, cantar meus maiores hits e tirar as pessoas do chão. Essa é a minha missão.
- Você foi o principal produtor do álbum de estreia do Matuê, "Máquina do Tempo". Como foi esse processo?
Eu conheci o Tuê eu tinha em torno de 15, 16 anos, não vou lembrar direito agora qual era a data, mas a gente desde o começo teve uma sinergia musical muito boa. A gente se conheceu pela internet, em uma época que o trap era muito menos conhecido, muito menos cogitado e falado aqui. A gente sonhava muito com grandes festivais, tipo o Spanta, por exemplo, em que a gente pudesse cantar e subir no palco, mostrar um pouco da nossa arte. E naturalmente eu fui me conectando com ele musicalmente. Eu sempre cantei e fiz meus próprios beats e ele gostou muito deles. E o "Máquina do Tempo", eu sempre jogava vários beats para ele, toda semana eu gravava em torno de 10 a 20 novos beats, e ele gostou muito e foi escolhendo os mais especiais e que tinham mais a ver com a vibe do álbum, essa vibe espacial, e gravou em cada um. Tinha uma música do álbum, inclusive, que era minha, "Gorilla Roxo". Eu dei para ele esse beat, tem até minha voz também.
 
- Como descreveria o WIU cantor e o WIU produtor musical?
São duas pessoas completamente diferentes mesmo, mas eles se entendem bem. Hoje eu estou em uma fase no meu processo criativo na qual eu gosto muito de rimar, cantar e gravar e sempre utilizar meus próprios beats, sabe? Eu estou fazendo 100% da minha coisa. Eu já tive dificuldade para fazer, mas eu consegui me entender com esse meu lado da arte. E o WIU produtor veio bem antes, o que tinha não era um WIU cantor, era um Will MC. Então, eu sempre gostei de verso, poesia, na escola mesmo, estudava muito poesia. Gostava de ler, de literatura. E esse WIU produtor é muito mais metódico, eu diria. Ele tem muita confiança no que ele faz, no que ele cria, chega a ser um charme, assim, uma confiança no que eu faço, no que eu crio. Eu sempre estou criando beats, sempre estou batucando em algum lugar com ideia na minha mente. O WIU cantor, não. Ele já é mais conquistador. Eu gosto muito de mexer com a mente das pessoas, tocar em certas áreas no sentimento delas que elas se surpreendem, como se eu coçasse uma parte do seu cérebro que você não sabia que tinha. Eu pego um sentimento que muita gente se identifica e eu transformo ele em um verso, falo de um jeito diferente. Não é só falar amor. Amor não é só "eu te amo". Eu pego aquele sentimento, transformo de um jeito para conquistar a pessoa para o meu lado de um jeito diferente.
O rap e o trap estão ganhando muito destaque nas paradas musicais. O que diria que tem feito a diferença para esse sucesso?
Eu acho que o trap está conversando muito bem com a galera jovem. Não falo só gente que é jovem de idade, eu falo quem tem a alma jovem mesmo. Tem pessoas de todas as idades no meu show hoje. E eu acho que o diferencial do trap hoje é a maneira justamente que ele conversa com essa juventude. Ele fala muito sobre autoestima, encontrar sua identidade, fala muito sobre autoconhecimento, sobre ter confiança no que você faz e nos seus sonhos. O trap fala muito sobre mudar de vida, então é o tipo de música que joga você lá em cima, fala muito da realidade também, sabe? Eu acho que não tem como a gente definir um subgênero do rap inteiro, dar uma razão, um diferencial do porque ele está ganhando espaço, mas ele só está ali, ele é inegável. Eu acho que é sobre força, sobre como isso alimenta a autoestima das pessoas e existem várias coisas a serem faladas no trap. A gente fala muito de amor, de conquista, de ostentação, de coisas reais, então existem pautas para diversas realidades, diversas identificações. Tem muita coisa que você pode falar dentro dessa sonoridade, que você pode citar, tem bandeiras que você pode levantar ali. Então, acho que no geral é sobre isso, é sobre como esse gênero musical tem levantado a autoestima de vários jovens e pessoas de todas as idades, independente de onde você vem, da sua realidade, mas de como ele mostra que é possível alcançar o seu melhor, a sua melhor versão.
- Qual foi o momento mais marcante para você em sua carreira até agora?
Acho que até o momento, um dos momentos mais marcantes e felizes da minha carreira foi ter feito um show tão grande quanto o que eu fiz no The Town, um festival de grande porte que movimenta muita gente, pessoas que vem do Brasil inteiro. E para mim foi uma conquista imensa, foi uma batida de meta sinistra ter conseguido me apresentar ali, ter colocado a minha visão, ter executado tudo juntamente a minha equipe que é incrível também. O pessoal que faz o som, que faz a logística, pessoal que organiza a parada toda, que está ali por trás dando vida em tudo, foi para mim um motivo de comemoração eterna ver que tudo saiu como a gente planejou. Uma menção honrosa também para a nossa segunda turnê na Europa, foi também um momento muito sinistro da minha carreira no qual eu vi a proporção que tudo tinha tomado e fiquei muito feliz.
- Tem algum sonho que ainda não realizou? Qual?
Quero muito pular de paraquedas um dia. Acho que é um sonho que eu posso realizar que está bem próximo, inclusive.
- O que gosta de fazer nas horas vagas?
Eu gosto de estar perto de quem me deixa feliz, quem me faz dar risada. Gosto de estar com os meus amigos, com a minha família, aproveitar esse tempo que eu tenho com eles porque é bem raro, dito que a gente trabalha muito para chegar aonde a gente quer chegar e bater as metas que a gente quer bater. Então, eu gosto muito de valorizar nas horas vagas esse tempo que eu posso com quem eu amo, com pessoas que me fazem sorrir, me divertem, pessoas que são puras e que eu confio, que estão ali do meu lado pelo o que eu sou, principalmente os das antigas, a galera que eu não posso esquecer.
- Quando você acha que "virou a chavinha" na sua cabeça e percebeu que estava fazendo sucesso?
Eu não consigo mais ter noção disso porque eu achei que tinha esse momento, sabe? Pô, quando "Lágrimas de Crocodilo" apareceu nos stories do (MC) Kevin eu já pensei isso. Aí depois "Felina" estourou e aí eu pensei isso de novo e eu vi que quando "Lágrimas de Crocodilo" apareceu nos stories de um famoso não foi ainda o meu auge. Depois de "Felina" eu lancei o meu álbum e estourei uma música gigantesca em uma proporção ainda maior, que foi "Coração de Gelo" e aí essa chave girou de novo. Então, eu acho que não consigo dizer um ponto só. Acho que toda vez que a gente trabalha e acredita no que a gente se propõe a fazer, no caso, música boa, toda vez essa chave gira de novo e ela vai continuar girando enquanto eu for fiel ao que eu faço, enquanto eu colocar meu coração e a minha alma naquilo, sabe? Eu não consigo mais citar um ponto só, mas eu acho que um dos primeiros mais fortes foi quando "Felina" estourou, se é para escolher um, acho que esse foi um momento que eu tenho muita gratidão, a tudo que aconteceu na época, as pessoas que me ajudaram e estavam comigo ali. Eu sou muito feliz por esse dia.
- O que o público pode esperar de Wiu para 2024?
Eu não gosto de dar muito spoiler. Eu acho que os fãs podem esperar o que eles quiserem, mas quem me ama de verdade, quem está aí por mim, quem vai nos shows seis, sete vezes (risos), já sabe muito bem o que esperar. O Wiu de 2024 está com a cabeça muito mais madura, pronto para vários desafios, muito mais resistente, com a cabeça muito mais feita. Eu sei a direção que eu quero seguir, sei que eu quero correr atrás de muito mais sonhos, quero me tornar um artista muito melhor para quem eu amo e para quem gosta do meu trabalho. Em 2024 é um Wiu melhor, um Wiu novo e, sinceramente, eu só me sinto com cada vez mais apetite para ganhar o mundo.