Rio - Num carnaval marcado por acidentes dramáticos na Sapucaí, a Portela venceu disputa acirrada com a Mocidade Independente e deu fim ao jejum de 33 anos sem títulos. A escola de Madureira ficou à frente da Mocidade, Salgueiro, Mangueira, Grande Rio e Beija-Flor, que também participam do desfile das campeãs, no sábado. Em seguida ficaram Imperatriz, União da Ilha, São Clemente, Vila Isabel, Unidos da Tijuca e Paraíso do Tuiuti.
Este é o 22° título da Portela. "Todas as escolas precisam da vitória da Portela, são muito melhores com a Portela forte. Mais importante do que a vitória da Portela é levantar a bandeira do samba", afirmou o presidente da agremiação, Luis Carlos Magalhães.
O enredo "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar", do carnavalesco Paulo Barros, foi inspirado na canção "Foi um rio que passou em minha vida", de Paulinho da Viola e recebeu nota 10. A Portela mostrou na Avenida os rios de água doce do mundo e como vivem as populações ribeirinhas.
Sobre uma nova tendência de alegorias para o proximo Carnaval após os acidentes, Magalhães espera que haja uma ação do Inmetro para limitar o tamanho dos carros. "Tivemos muita madeira, muita coisa bonita, mas cada vez mais a coluna de encaixe sobe e a de receita desce. Temos que arrumar uma saída pra isso. Talvez limitar o tamanho dos carros", diz.
Quanto aos carros da portela, Luiz Carlos afirma que trabalha com engenheiros muito criteriosos e responsáveis. Emocionado, o presidente festeja a experiência de receber um título nunca vivida. "Nunca vivi isso. Perdi até o sapato no caminho. Acho que vou até guardar esse pé aqui como recordação.
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A Portela, que ano passado ficou em terceiro lugar, entrou na avenida com trinta e uma alas e seis carros. O momento mais emocionante do desfile do carnavalesco Paulo Barros foi o protesto contra o desabamento da barragem da Vale do Rio Doce, que deixou um rastro de destruição e morte na cidade de Mariana e no distrito de Bento Gonçalves, 2016.
Este foi o primeiro ano da escola na Sapucaí após a morte do presidente Marcos Falcon, assassinado em seu comitê de campanha em Oswaldo Cruz, em setembro de 2016. Ao final do desfile, uma bandeira com as cores da Portela e o rosto de Falcon foi erguida em homenagem ao presidente assassinado.
Mocidade e Salgueiro
Desde de 2003 sem voltar para o desfile das campeãs, a Mocidade comemorou cada nota na apuração do Grupo Especial nesta quarta-feira. A agremiação de Padre Miguel tem cinco títulos no Carnaval carioca.
A escola levou à Sapucaí o enredo "As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakesh", um encontro entre Marrocos e o Brasil. A Mocidade voltou a fazer uma apresentação de destaque, depois de anos em que flertou com o rebaixamento para a Série A. O segundo lugar este ano foi comemorado com título pelos representantes da escola que acompanharam a apuração na Sapucaí.
O Salgueiro cantou o enredo "Divina Comédia", baseado na obra de Dante Alighieri no século XIV. A escola mostrou do inferno à purificação na Passarela do Samba. Com alegorias pesadas e imponentes a escola empolgou o público e foi a vencedora do Troféu Tamborim de Ouro, do DIA, pela sétima vez.
Colaborou Paola Lucas