Compositores da Portela resgatam sambas de terreiro com CD inédito, cuja coletânea será lançada dia 9 - Divulgação/LEO CORDEIRO
Compositores da Portela resgatam sambas de terreiro com CD inédito, cuja coletânea será lançada dia 9Divulgação/LEO CORDEIRO
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Extinto na maioria das escolas de samba do Rio, que dão mais atenção aos concursos de samba-enredo, o chamado Samba de Terreiro ganha novo fôlego com a Portela. A agremiação com maior número de títulos no Carnaval carioca 22, no total , procura manter a tradição, além do desfile, e lança, no próximo dia 9, às 13h, na sede da Portelinha, em Oswaldo Cruz, um CD com 14 composições. A entrada será R$ 20, com almoço incluído.

As canções são dos novos compositores e da velha guarda, e selecionadas entre 83 obras, inscritas no 3º Festival de Sambas de Terreiro da Portela. "Essa iniciativa, além de resgatar uma tradição quase esquecida nas escolas, movimentou nossa quadra de abril a julho, enriquecendo nossa amizade e união", ressalta o presidente da agremiação, Luis Carlos Magalhães.

A coletânea foi idealizada pela diretoria da Ala Ary do Cavaco, como é conhecida a turma de poetas da agremiação, com produção de Leonardo Bessa.

"O samba de terreiro, ou samba de quadra, é o retrato da alegria e de talentos de uma escola", resume Monarco, presidente de honra da Portela e líder da Velha Guarda Show. Curiosamente, ele nunca ganhou um samba-enredo, mas tem centenas de clássicos em samba de terreiro.

As composições 'Tem Axé Este Lugar', de Joseth Rodrigues e Wagner Escóssia, e 'Padroeiro da Portela', de Samir Trindade, Neizinho do Cavaco e Paulo Lopita 77, empataram em primeiro lugar. O segundo ficou com 'Uma Força Maior', de Jorge do Batuke e Valtinho Botafogo. Já Franco Cava, Arnaldo Rippel e Muri Costa, autores de 'Mas Não tem jeito', ficaram em terceiro.

Para Jane Garrido, coordenadora da Ala Ary do Cavaco, o CD retoma uma tradição. "É uma vitória. É um legado para as novas gerações".

Personalidades do Carnaval como Carlinhos de Jesus, Tia Surica, Jeronymo da Portela, Selminha Sorriso, entre outros, integraram o corpo de jurados. Mais detalhes do CD estão em www.gresportela.com.br.

'O samba de terreiro é o que dá vida a uma escola'

Esse tipo de festival na Portela vem dos anos 60, "Sempre fomos celeiro de bambas e sambas. O disco comprova isso", garante Arlindo Matias, da Ala Ary do Cavaco.

"A disputa é mais difícil que enredo. A concorrência é com a nata, sem dinheiro, sem torcida. Quem tem competência, se estabelece", diz Jorge Batuke, 39 anos.

Marquinhos do Pandeiro, um dos compositores mais experientes, lembra que os sambas de terreiro surgem de pura inspiração e sonhos". "É a resistência do samba", define a cantora Eliane Faria, filha de Paulinho da Viola.

Para Fábio Fabato, crítico de Carnaval, o samba de terreiro dá vida à escola. "Fortalece laços construídos nas quadras. As escolas hoje vivem a contradição de correr atrás de cifras vultosas, se esquecendo que a base ancestral de sobrevivência não são recursos empresariais, mas a vida pulsante em seus terreiros".

 

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