Rio - O Carnaval Gonzaguinha não tem lugar e muito menos hora para acontecer. Faz vibrar mansões e barracos, é cantado em LPs e aplicativos de celular, desfila na Passarela do Samba e nos palcos de teatro. Mais atual que nunca, a genialidade do compositor ignora o passar do tempo. Tanto que uma de suas músicas mais emblemáticas, "O que é, o que é?" foi adotada como samba-enredo do Império Serrano. A Verde e Branco vai falar sobre o mistério da vida, um questionamento que tocou Gonzaguinha no início dos anos 80.
"Meu pai era apaixonado pelas pessoas, por suas histórias e diferenças. Ele já tinha a ideia de fazer essa música e sempre perguntava o que os outros achavam da vida. Fazia isso nas ruas, nos bares, com amigos, desconhecidos... Até que um dia decidiu colocar um anúncio em várias revistas, pedindo que mandassem cartas para ele com as respostas", conta Nanan Gonzaga, filha de Gonzaguinha, revelando que esse tesouro está muito bem protegido num baú, em Belo Horizonte. Fazer foto para essa reportagem? Nem pensar... "Minha madrasta guarda a sete chaves, morre de ciúmes! São muitas cartas, até de fora do país".
Apaixonada por Carnaval, Nanan vive a ansiedade de ver a música de seu pai colorir a Sapucaí: "Há anos que o Império tem esse desejo, mas somente agora se concretizou. O orgulho é incrível, porque 'O que é, o que é?' tem um poder absurdo".
No palco, o sucesso esperado
A força do compositor ultrapassa os limites da Avenida e encontra abrigo no Teatro Riachuelo, onde "Cartas para Gonzaguinha - O Musical" chega ao fim nesta quarta-feira. É justamente "O que é, o que é?" que costura a história. "A música é de 1982, mas parece que foi feita ontem. Não apenas essa, mas todas as outras que formam a trilha sonora", elogia Nanan, ainda à espera de uma nova temporada: "Estamos tentando, temos conversado com o teatro para continuar. Não é uma montagem barata, são 23 atores e sete músicos em cena. A resposta do público tem sido ótima".
Em meio ao eterno Carnaval Gonzaguinha, Nanan planeja vários projetos para 2021, ano que marcará três décadas da morte de Gonzaguinha. Se voltasse ao começo dos anos 80, talvez demorasse um pouco para responder o anúncio do pai: "O que é a vida? Ai, difícil... É esse monte de encontros que trazem alegrias e tristezas, mas também muitos aprendizados".
Serviço
Teatro Riachuelo: Rua do Passeio, 38/40, no Centro
Horário: hoje, às 20h
Preços: R$ 60 (R$ 30 meia). Especialmente hoje, o balcão popular custará R$ 10