Gabriel David garantiu que a escola vai avaliar uma nova linha para 2020 - Armando Paiva/Agência O Dia
Gabriel David garantiu que a escola vai avaliar uma nova linha para 2020Armando Paiva/Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - O empresário Gabriel David, de 21 anos, que herdou o comando da Beija-Flor em 2018, afirmou que não teria feito nada diferente após a classificação que deixou a Azul e Branca em 11º lugar em 2019. Ele acrescentou que já sabia que o resultado não seria bom. Foi o pior rendimento da agremiação na era Sambódromo e o segundo pior da história. Depois, em uma rede social, Gabriel pediu desculpas à comunidade e disse que o resultado não era esperado. 

“Eu não teria feito nada diferente. Eu queria ver o impacto que esse desfile ia dar na Avenida. Não foi bom, mas a gente já sabia que não ia ser bom fazendo ele”, declarou Gabriel, filho do presidente de honra, Anísio Abraão David. No entanto, o próprio Gabriel David havia dito o contrário no fim do desfile: “Vão ter que ralar pra tirar esse título da gente.”

Gabriel aplaudiu de pé a Mangueira quando a concorrente foi anunciada campeã, durante a apuração no sambódromo, mas contestou a avaliação dos jurados no quesito Evolução. O manda-chuva da Beija-Flor ressaltou que mesmo assim a escola decidiu apostar no risco.

“Eu particularmente não entendi muito bem o quesito Evolução. Os outros quesitos eu entendo analisando por alto. Evolução foi um quesito que eu não esperava mesmo (o mau rendimento). Todos os outros eram um risco. A gente sabia do risco que estava correndo, podia acontecer. Acho que agora é realmente a gente conversar, ver e tentar melhorar. Eu acredito que a Beija-Flor vai voltar muito mais forte do que ela veio este ano”, acrescentou.

Com o enredo "Quem não viu vai ver… As fábulas do Beija-Flor", a Beija-Flor, quinta a desfilar no domingo, recontou sua própria história de 70 anos, e recorreu a fábulas infantis para relembrar os enredos que marcaram seus Carnavais. O samba empolgou o público, mas o gigantismo da escola de Nilópolis não deu as caras na Sapucaí e a relação das fábulas com a história da agremiação foi de difícil entendimento. 

Foi o pior rendimento da Beija-Flor na era sambódromo, superando a sétima colocação de 2014 com o enredo em homenagem a Boni. Em 1956, quando os desfiles ainda não ocorriam na Marquês de Sapucaí, a Beija-Flor ficou em 12º lugar, mesma posição de 1964, quando foi rebaixada. A escola de Nilópolis também caiu em 1960, com o sexto lugar na colocação geral.

Beija-Flor vai buscar nova linha, mas longe de conservadorismo

Gabriel David admitiu que o modelo de Carnaval escolhido não funcionou e que precisará ser reavaliado para levantar a escola em 2020. No entanto, disse que não pretende passar a ser conservador. 

“Eu acho que a gente pensou num novo modelo de Carnaval que realmente não funcionou, não foi bom, e afetou o desfile por inteiro. É claro que a gente tem que sentar, analisar a justificativa dos jurados, mas nem todo dia se ganha. É lógico que a gente não queria um resultado assim, mas vamos trabalhar para voltar no ano que vem mais forte”, ponderou. “Eu não sou conservador. Vamos ter que ver uma nova linha, porque essa claramente não funcionou. Mas eu não posso falar que eu vou ser conservador, porque eu não acho legal um Carnaval conservador”, acrescentou Gabriel David.

Integrantes da Beija-Flor minimizam ausência de Laíla

Assim como o intérprete Neguinho da Beija-Flor, Gabriel David também minimizou a ausência do ex-diretor Laíla, que saiu da escola por divergências com o novo comando. Questionado se Laíla fez falta, o jovem respondeu que a atual escola do veterano, a Unidos da Tijuca, também não foi bem classificada. A Tijuca ficou em sétimo lugar.

“Acho que não (fez falta), né. Eu acho que o Laíla também não voltou para as campeãs. A Tijuca fez um desfile onde ela não arriscou muito. Ela fez um desfile muito seguro. A Beija-Flor botou a cara a tapa e arriscou o máximo que pôde. A gente sabia do risco que a gente estava tomando. Infelizmente, foi o pior possível, eu acho”, disse Gabriel David.

Pouco antes, Neguinho seguiu a mesma ideia: “"Ele (Laíla) também não veio nas campeãs. O que pesou foi a dificuldade em si do Carnaval, estamos passando dificuldade muito grande para colocar o Carnaval na rua. Quem se superou, se superou. Fica provado que não existe sacanagem no Carnaval. Para o ano que vem, vamos vir com tudo".

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