Leandro Vieira assinará desfile da Imperatriz Leopoldinense, em 2020. "Abrir os portões é maravilhoso, mas tenho pé atrás com o prefeito", disse
 - Luciano Belford
Leandro Vieira assinará desfile da Imperatriz Leopoldinense, em 2020. "Abrir os portões é maravilhoso, mas tenho pé atrás com o prefeito", disse Luciano Belford
Por Luana Dandara
Rio - Um dia depois da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj) anunciar a pretensão de abrir os portões da Sapucaí para o público nos desfiles da Série A em 2020, com o objetivo de reverter a perda da subvenção municipal, a Riotur assegurou, nessa quarta-feira, que se reunirá com a Liga nos próximos dias para analisar a medida. A Empresa Pública de Turismo ainda reforçou buscar o aperfeiçoamento do Carnaval e que está aberta ao diálogo.

"Nós sempre veremos com bons olhos o que for melhor para o Carnaval. Respeitamos os interesses das Ligas e vamos nos reunir em prol de resultados proveitosos para a maior festa da nossa cidade", afirmou Marcelo Alves, presidente da Riotur. A novidade repercutiu entre figurões da folia, que divergiram sobre a cessão dos ingressos.

O atual campeão do Carnaval Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira e da Imperatriz Leopoldinense, escola rebaixada para Série A neste ano, apoiou os desfiles com entrada franca, porém, se disse receoso com o prefeito Marcelo Crivella. "A ideia de abrir os portões é maravilhosa, o Carnaval é isso. Mas não acredito na boa vontade do prefeito com nossa festa. Ano que vem tem eleições e ele pode usar isso para se favorecer. Assim como fez antes de se eleger, prometeu que iria ajudar e só foi reduzindo a subvenção", criticou.
"Tem que ver até que ponto o Carnaval fica dependente dessa participação do poder público. É importante também patrocínio, parceiros interessados em tornar a atividade carnavalesca possível, mas sem determinarem temática", completou Leandro Vieira.

Baluarte da Portela, Tia Surica também desaprovou a retirada dos recursos do Carnaval por Crivella, anunciada há duas semanas e justificada pela presença de bilheteria no evento. "Só ele tem essa picuinha com o Carnaval. Mas vamos vencer, ele é uma passagem, o samba continua", afirmou. A proposta da Lierj, por sua vez, foi elogiada por ela. "Quero ver é a Avenida lotada. E se me convidarem, estarei lá desfilando na Série A".
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Para o puxador Neguinho da Beija-Flor, a abertura do Sambódromo reaproximaria o carioca do Carnaval. "Atrai o público e anima o carioca. Se o prefeito ceder verba considerável, não há necessidade de cobrar ingresso", disse. Com mais de 50 anos de experiência, o diretor de Carnaval Laíla preferiu destacar que a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio) é que precisa avaliar a medida. "Não sei se é o caminho. O samba precisa se unir agora, porque o prefeito quer nos massacrar, nosso povo, nossa cultura. O que o Crivella está fazendo é uma covardia, o Carnaval dá muito lucro ao município".
No documento entregue à prefeitura na segunda-feira, a Lierj ressaltou que a proposta daria acesso de todas as classes ao Carnaval. "Quem ganha é o povo com um lindo Carnaval no Rio, levando a cultura de graça, deito nunca antes realizado por nenhuma gestão", alegou a Liga.