Operário trabalha nas obras do Sambódromo. Estrutura de iluminação e incêndio prometem ser melhoradas, com sinalizações de emergência  - Luciano Belford
Operário trabalha nas obras do Sambódromo. Estrutura de iluminação e incêndio prometem ser melhoradas, com sinalizações de emergência Luciano Belford
Por Luana Dandara

Rio - Proposto há dois meses, o pedido da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj) para abrir os portões da Marquês de Sapucaí ao público nos desfiles da Série A, em 2020, em troca da subvenção municipal, foi negado pela prefeitura. A Riotur tenta, em contrapartida, patrocínio privado para o projeto inédito acontecer, mas ainda não há negociação concreta com nenhuma empresa. Situação parecida à dos ensaios técnicos na Avenida, que enfrentam, mais uma vez, dificuldades para realização.

"Não vai haver recurso público para os desfiles na Sapucaí, o prefeito já foi categórico. Mas estamos apresentando a ideia para algumas marcas e buscando apoio para a Série A. Até o momento, não houve nenhum sinal verde", afirmou Marcelo Alves, presidente da Riotur, em entrevista exclusiva para O DIA, ontem. "A prefeitura não tem caixa para investimento desse porte. Estamos tentando apoiá-los, porém sem a responsabilidade de conseguirmos, não há obrigatoriedade", acrescentou.

Os ensaios técnicos gratuitos, por sua vez, também aguardam investimento privado. Neste ano, o evento só foi firmado menos de um mês antes do Carnaval e correu risco de não ocorrer pelo segundo ano consecutivo. "Não há nenhuma definição. Também trabalhamos pelo patrocínio. Está tudo muito difícil", lamentou Marcelo Alves, que alfinetou a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa): "Quem tem que ajudar é a própria Liesa, fazer suas relações comerciais".

Cronograma depende de recursos

Presidente da Liesa, Jorge Castanheira acredita não haver risco de os ensaios não ocorrerem no próximo ano. "A Liga já tem o cronograma das escolas por dia, vão acontecer em janeiro e fevereiro. Mas dependemos dos recursos", afirmou.

Outra questão que a Liga trata é a organização operacional para a abertura dos portões do Sambódromo para a Série A. Como a Liesa é detentora do espaço, precisa definir junto à Lierj os critérios para a distribuição dos ingressos. De acordo com Marcelo Alves, presidente da Riotur, isso é fundamental para seguir com as negociações.

Wallace Palhares, presidente da Lierj, disse que o modo mais seguro cogitado pelas ligas é a distribuição de ingressos entre as agremiações e bairros da cidade, determinados pela prefeitura. "Não teria ingresso entregue na porta, todos seriam distribuídos antecipadamente".

Palhares ainda tem esperanças de que o município mude de ideia em relação ao subsídio: "É o pior momento do Carnaval da Série A. As escolas estão fazendo reciclagem, não têm dinheiro. Precisamos que o prefeito olhe para a gente com carinho".

Aposta no estado para patrocínio

Outra expectativa da Lierj é em relação ao governo estadual. A liga, que administra os desfiles da Série A, informou ter entregue documentação pedindo patrocínio, intermediado pelo estado, pela Lei de ICMS. "Já que o Witzel disse tanto que vai ajudar, esperamos que se sensibilize", disse o presidente Wallace Palhares. Será o primeiro ano que o espetáculo vai acontecer sem subvenção municipal. Em nota, a Secretaria Estadual de Cultura negou ter recebido o projeto da Lierj, "porém, estamos abertos para avaliar", informou.

Obras e disputa

No Sambódromo, as obras de iluminação, estrutura e segurança já começaram. O projeto, de R$ 8,1 milhões, será entregue em fevereiro, bancado pela prefeitura. Enquanto isso, a Sapucaí continua em disputa. Ontem, o governador Wilson Witzel disse que a prefeitura "inventou" o impasse para a transferência ao estado: "Poderia desapropriar", alegou, devido ao estado de conservação.
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