Trupe que tem aulas na Oficina do Crack, na Praça Paris, na Glória, já prepara coreografias para a festa - Gilvan de Souza
Trupe que tem aulas na Oficina do Crack, na Praça Paris, na Glória, já prepara coreografias para a festaGilvan de Souza
Por Felipe Gavinho*

Vale tudo no Carnaval. Vale fantasia de pierrô, colombina, bate-bola. E vale também, é claro, cair na folia até mesmo com perna de pau. Que o diga a Elisa Caldeira, professora da Oficina do Crack, que ministra aulas de perna de pau para foliões de toda a cidade na Praça Paris, na Glória, na Zona Sul.

Aos 26 anos, Elisa aprendeu a andar com perna de pau no fim de 2015 e há quatro anos desfila no Carnaval com o acessório. "Eu aprendi a perna de pau no circo. Lá, eu fiquei encantada com os pernaltas do Carnaval e decidi começar a treinar", lembra a professora.

Em 2017, uma amiga do trabalho disse que Elisa precisava desfilar na Orquestra Voadora. Porém, os ensaios do bloco eram aos domingos e, na época, ela trabalhava justamente nesse dia em uma loja. A amiga, então, resolveu trocar com ela e passou a trabalhar aos domingos. Mas tinha uma condição. "Eu deveria ensiná-la a andar de perna de pau. E foi assim que acabei me tornando professora de perna de pau", recorda.

Elisa conta que a Oficina do Crack tem esse nome por um motivo especial. É que ela aprendeu tudo o que sabe fazer na perna de pau por conta do 'crack'. Para quem não sabe, 'crack' é qualquer aglomeração de músicos, foliões e ambulantes que estejam fazendo um som em qualquer lugar sem ter sido ensaiado. "Fazer parte desses 'cracks', principalmente durante o Carnaval, ajudou bastante na minha evolução na perna de pau. Eu aprendi a me virar de todas as formas e nas situações mais bizarras que você possa imaginar", assegura Elisa.

A pernalta avalia que suas aulas são muito voltadas para a "sobrevivência" na rua. Segundo ela, é o mais importante que quem quer participar do Carnaval carioca precisa aprender. "A pessoa precisa saber subir um meio fio, atravessar uma rua, passar por uma rua de paralelepípedo. Ela tem que saber lidar com tudo que envolve estar na rua, inclusive com um folião doidão", brinca, entre risos.

 

Pernaltas se destacam nos desfiles
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Os pernaltas são fundamentais para os blocos de Carnaval. É o que alega Elisa Caldeira. "Nós somos tão importantes quanto a música. A gente está na rua para ocupar o espaço junto com os músicos, para fazer o bloco andar, para ganhar espaço para banda passar, além de participar de forma lúdica e criativa, compondo o bloco", destaca.
Não satisfeita em se equilibrar na perna de pau, a foliã resolveu tentar outro desafio. Aprender a tocar surdo em cima do acessório. Segundo ela, o artista, cada vez que aprende uma coisa nova, se torna mais completo. "Se as pessoas conseguem acompanhar a marcação do surdo, todo mundo mantém o ritmo. E se eu estou em cima tocando o surdo, todos conseguem me ver, é uma forma fantástica de poder contribuir com os blocos", avalia Elisa Caldeira.
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* Estagiário sob orientação de Luiz Almeida 
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