Embora seja paraense, o carimbó é um dos ritmos que prometem agitar as ruas da cidade maravilhosa durante o carnaval de 2020. Não à toa, a busca por oficinas de percussão tem sido grande e cresce à medida que a festa de Momo se aproxima. Na Lapa, até um bloco dedicado ao ritmo foi criado: "O Vai tomar na Cuia". A estreia será amanhã, às 14h, no Largo da Glória, na Zona Sul.
Formada por oito músicos, a banda Afroribeirinhos é a responsável pela criação do bloco. O nome faz referência à uma das composições do grupo. "Esse é um movimento essencial. Eu mesmo, vim para o Rio, há dois anos, com a intenção de propagar nossa cultura. A banda, assim como o bloco, é o grito dos povos da Amazônia", diz o vocalista, Dibob da Silva.
O repertório contará com outros estilos dançantes, como a cúmbia, a guitarrada, o brega, a salsa, o beiradão e o lundú marajoara. Motivos a mais para os foliões aproveitarem. Principalmente as mulheres, que são maioria, segundo Dibob. "O povo fica muito curioso com o carimbó. Porém, elas são as mais interessadas, tanto nas aulas como na dança", afirma.
Para Dibob, um fator em comum pode justificar o sucesso do ritmo paraense na terra do samba. "É um estilo quente, e isso, tanto a Região Norte quanto o Rio têm de sobra", conclui o músico.
Entre as atrações do 'Vai Tomar na Cuia', estão o 'Paredão Percussivo', uma reunião de curimbós e maracas (instrumentos típicos do carimbó) e o corpo de dança 'Encantado', que interpreta as canções do bloco por meio da expressão corporal.
Quem não puder acompanhar o desfile amanhã, ainda terá uma chance de conhecer o trabalho da banda. No próximo dia 15, às 22h, a Afroribeirinhos participa do Pré-carnaval do Néctar, na Barra. A entrada custa é R$ 10, até 23h.
Origem musical
O carimbó teve origem no século XVII, a partir dos costumes indígenas. O nome é em homenagem ao instrumento musical curimbó, tambor artesanal utilizado em apresentações artísticas e religiosas. A junção de 'curi' (pau oco) e 'm'bó' (furado) significa 'pau que produz o som'. Os movimentos giratórios surgiram de um hábito de pescadores e agricultores. Sempre ao final do dia, após terminarem suas atividades, os trabalhadores costumavam se reunir para dançar ao som dos tambores. O nome mais respeitado do ritmo é Dona Onete, que esteve recentemente no Circo Voador, onde foi ovacionada pelo público.