Em uma alegoria que medirá 60 metros de comprimento, a União da Ilha vai abrir o seu desfile com um retrato impecável de uma favela. Dos barracos aos mototáxis nas vielas, roupas para secar nas janelas, pipas e até uma escultura de uma lua, posicionada a 16 metros de altura, nada vai faltar na reprodução dessa comunidade, que poderia estar localizada em qualquer canto do Rio. A aposta de levar cenas do cotidiano carioca para a Sapucaí vem do experiente diretor de Carnaval Laíla, que estreia na agremiação.
O mestre, por sinal, levou também os carnavalescos Fran Sérgio e Cahê Rodrigues para assinarem o projeto. "É um enredo necessário. Vamos mostrar uma realidade nua e crua, mas ao mesmo tempo levantar uma mensagem de esperança. O nosso Carnaval será aberto com uma visão aérea de uma comunidade. No fim, faremos um convite para o público entrar nos becos, ruas e vielas e conhecer o que há de melhor ali", explica Cahê.
No segundo setor, a escola tratará a luta dos trabalhadores pelo ganha-pão, como motoristas de ônibus, garis e lavadeiras. A alegoria será um trem lotado de operários.
O setor seguinte botará o dedo na ferida nas mazelas sociais, como o caos na saúde e na educação. "Será também um pedido de paz para que os alunos possam ter o seu direito de ir e vir protegidos", pondera Cahê, sobre os recentes episódios de alunos atingidos por balas perdidas.
O povo que vive nas ruas e a balança social será a temática do quarto setor. "É um setor com grande carga emocional, atos coreografados que mostrarão uns com muitos e outros com nada", conta Fran.
Cahê Rodrigues destaca ainda que o enredo 'Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder!' tem muito da história do diretor de Carnaval, ex-Beija-Flor. "É um desfile que carrega uma história real de vida do Laíla. A gente se emociona em escutar ele falando desse Carnaval", diz ele.