A fala doce, o rosto de menina e o discurso consciente do seu papel como atleta e mulher estão por trás da sereia que brilhou no carro da comissão de frente da Viradouro, campeã do Carnaval 2020. O papel coube a Anna Giulia Veloso, 20 anos, atleta do nado artístico do Fluminense e da Seleção, que mostrou na Sapucaí desenvoltura para submergir várias vezes num aquário com sete mil litros de água.
A apresentação arrebatou a todos no início do desfile da Vermelho e Branco de Niterói. O enredo 'De Alma Lavada' mostrou as Ganhadeiras de Itapuã, histórico grupo musical de mulheres da Bahia que trabalhavam para comprar alforrias no século XIX.
"Nem esperava toda essa repercussão. Estou muito feliz. É muito especial ter toda essa representatividade como mulher, negra, junto com as ganhadeiras, que são as primeiras feministas, que todo mundo fala. Foi muita emoção", lembra Anna Giulia.
Assim que viu o celular, a atleta teve noção da dimensão da sua apresentação. "Logo que saí do desfile, fiquei pensando: 'Meu Deus, o que acabou de acontecer?'. Só depois vi como estavam as redes sociais, o WhatsApp, com muitas mensagens. Fiquei muito feliz".
Anna Giulia conta que é difícil comparar o nervosismo do esporte com a emoção da Sapucaí. "Na Avenida, senti o frio na barriga. Mas em competição já estou acostumada. O que fazia no aquário poderia ser mais 'fácil' do que no nado, mas era novo", compara.
Com a participação, a Viradouro ganhou uma torcedora. "Era um sonho que não sabia que tinha. Foi uma realização gigantesca. Sempre admirei o trabalho das escolas, mas não pulo bloco. Agora sou Viradouro", garante.