O artista não respondeu ao questionamento diretamente e, em um primeiro momento, falou sobre as dificuldades de se criar filhos e sobre o racismo.
"Criar filho no Brasil com essa violência, principalmente, sendo negro... Eu já tive um filho baleado na porta da faculdade há vinte anos", contou o sambista de 71 anos. "Uma blitz na esquina tem dez parados, um é pretinho, a primeira coisa que a blitz vai atingir é o pretinho, depois vai revistar os outros", complementou.
Serginho comentou que Neguinho sempre teve reconhecimento no samba por ser um ambiente acolhedor e inclusivo, mas perguntou se o artista já tinha sofrido racismo em outros lugares.
"Já teve pessoas que trocaram de lugar no avião. Foi lá cochichou com na comissária e não tinha outro lugar. Você vê que vai ali na viagem todo mal humorado", relatou ele.
Então, o sambista voltou à pergunta sobre morar em outro país. "Eu amo o Brasil, eu não estou querendo ir para Portugal ou Itália, que eu tenho amigos na Itália. Minha filha. Eu vou atendendo o pedido da minha esposa: 'eu quero minha filha estudando fora'", explicou Neguinho da Beija-Flor mencionando sua caçula, negra e de 12 anos.