Saiba como virão as quatro primeiras escolas a desfilar pelo Grupo Especial na Sapucaí
Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro e Estação Primeira de Mangueira estreiam novo formato com três noites de apresentações
UPM, Imperatriz, Viradouro e Mangueira abrem desfiles do Grupo Especial - Arquivo/Agência O Dia
UPM, Imperatriz, Viradouro e Mangueira abrem desfiles do Grupo EspecialArquivo/Agência O Dia
Rio - Estreando um novo formato, quatro agremiações abrem, neste domingo (2), os desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí, às 22h. Este ano, as 12 escolas serão divididas em três noites, com quatro delas se apresentando em cada. Na briga pelo título de campeã de 2025, as primeiras a cruzarem a passarela do samba são Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro e Estação Primeira de Mangueira.
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Unidos de Padre Miguel
Ficha técnica
Enredo: Egbé Iya Nassô Presidente: Lenilson Leal Carnavalesco: Alexandre Louzada e Lucas Milato Intérprete: Bruno Ribas Mestre de bateria: Dinho Bateria: Guerreiros da Unidos Rainha de Bateria: Andressa Marinho 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira
De volta ao Grupo Especial depois de 52 anos, a Unidos de Padre Miguel quer fazer um desfile para se consagrar de vez entre as maiores agremiações. A escola da Vila Vintém, na Zona Oeste, vai para a Avenida com o enrendo "Egbé Iya Nassô", sobre a trajetória da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento, em Salvador, na Bahia.
Para garantir seu lugar na elite do Carnaval, o Boi Vermelho apostou em um enredo que trouxesse proximidade com a comunidade, em um conjunto alegórico grandioso, com mais de 200 esculturas, e na parceria entre o experiente carnavalesco Alexandre Louzada, dono de seis títulos no Carnaval carioca, e do estreante no Grupo Especial, Lucas Milato.
"A minha estreia no Grupo Especial é muito importante para mim, mas esse retorno da escola é muito mais. A gente tem essa consciência de que a escola precisa sobressair", refletiu Milato. "A gente está colocando a escola acima de tudo. Precisamos fazer um Carnaval incrível para a Unidos de Padre Miguel, um desfile que vai dizer: 'eu pertenço a esse lugar, eu mereço estar aqui'", pontuou Louzada.
Unidos de Padre Miguel terá carro abre-alas com três chassis e 118 esculturasPedro Teixeira/Agência O Dia
Imperatriz Leopoldinense
Ficha técnica
Enredo: Ómi Tútu ao Olúfon - Água fresca para o senhor de Ifón Presidente: Cátia Drumond Carnavalesco: Leandro Vieira Intérprete: Pitty de Menezes Mestre de bateria: Lolo Bateria: Swing da Leopoldina Rainha de Bateria: Maria Mariá 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro
Segunda da noite, a Imperatriz Leopoldinense chega vestida de branco para Oxalá e dando um banho de axé no Sambódromo. A escola de Ramos apresenta o enredo "Ómi Tútú ao Olúfon - Água Fresca para o Senhor de Ifón", a saga do orixá Pai da Criação, que em visita à Xangô, sofre os percalços de não ter oferecido nenhum agrado a Exu, o senhor dos caminhos.
No mito narrado pela Imperatriz, Oxalá só alcança sua redenção quando Xangô, encontrando-lhe irreconhecível, manda buscar água fresca para lavá-lo. Para traduzir esse momento ao público, uma das alegorias terá cinco mil litros de água, como um elemento que se renova e se desdobra no rito das Águas de Oxalá. Segundo o carnavalesco Leandro Vieira, a expectativa é comemorar seu décimo ano na agremiação junto com o título de campeã.
"Estou vivendo uma fase tão feliz, que tudo que a comunidade me pedir eu tenho que atender quase como uma obrigação. Acho que é um ano todo de festa para mim e para a escola. Tudo sopra a favor, e a água transborda por uma limpeza mesmo, que se Deus quiser e Oxalá permitir, vai resultar no campeonato", declarou o carnavalesco.
Detalhes da alegoria dedicada a Xangô da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2025Renan Areias/Agência O Dia
Unidos do Viradouro
Ficha técnica
Enredo: Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos Presidente: Hélio Nunes Carnavalesco: Tarcísio Zanon Intérprete: Wander Pires Mestre de bateria: Ciça Bateria: Furacão Vermelho e Branco Rainha de Bateria: Erika Januza 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Julinho e Rute
Atual campeã do Grupo Especial, a Unidos do Viradouro promete incendiar a Sapucaí ao exaltar João Batista, liderança do quilombo do Catucá, em Pernambuco, no século XIX, que virou entidade encantada da religião Jurema. O enredo "Malunguinho – O Mensageiro dos Três Mundos" contará a história do personagem histórico que conheceu por meio dos indígenas o poder das ervas ao se refugiar na floresta.
Para garantir o bicampeonato, a escola de Niterói aposta em diversos elementos de tirar o folêgo. Entre eles, a fumaça presente em fantasias e colorida, a iluminação cênica, a tecnologia, que estará a serviço das 'mirações', que são as visões alcançadas com o uso da Jurema, além de uma comissão de frente que promete superar a do ano passado, que extasiou o público ao fazer uma serpente rastejar pela Avenida, com o enredo "Arroboboi, Dangbé".
"Ele talvez tenha sido o maior líder quilombola da história e se torna um encantado. Uma entidade que até hoje se comunica através das manifestações e do culto da Jurema. A gente pretende elevá-lo ao panteão dos grandes heróis nacionais, como aconteceu com Zumbi dos Palmares, por meio do Carnaval", diz o carnavalesco Tarcísio Zanon. "Vai ter muito verde, amarelo e laranja porque Malunguinho era incendiário. Ele tacava fogo nos canaviais para libertar o povo dele. Vamos abrir com o fogo para podermos ir para a mata, para o brotar e para o florescer".
Malunguinho Mestre trabalha pela cura com a JuremaRenan Areias
Estação Primeira de Mangueira
Ficha técnica
Enredo: Mangueira À Flor da Terra - No Rio da Negritude entre Dores e Paixões Presidente: Guanayra Firmino Carnavalesco: Sidnei França Intérprete: Marquinho Art’ Samba e Dowglas Diniz Mestres de bateria: Taranta Neto e Rodrigo Explosão Bateria: Tem Que Respeitar Meu Tamborim Rainha de Bateria: Evelyn Bastos 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Matheus Olivério e Cintya Santos
Última escola do primeio dia do Grupo Especial, a Estação Primeira de Mangueira quer fazer uma ponte entre passado, presente e futuro ao contar a formação do Rio de Janeiro pelo olhar dos Bantus. O enredo "Mangueira À Flor da Terra - No Rio da Negritude entre Dores e Paixões" vai contar a história e resgatar a tradição de um povo que ajudou a construir a cidade, desde que chegou escravizado pelo Cais do Valongo, mas foi esquecido pelo tempo.
Para mostrar ao público a influência dos Bantus no Rio, a Verde e Rosa contará com elementos que fazem parte do dia a dia dos cariocas, seja por meio dos costumes, da culinária ou da língua, e também vai apresentar a herença viva deste povo: os 'crias' dos morros. "Os signos que nós vamos usar nesse desfile são todos de um alcance muito potente e imediato. Quando a escola elege seu tema e trata com identidade e potência, a gente utiliza a voz e a autoridade mangueirense para levar um discurso para a Sapucaí", afirmou o carnavalesco Sidnei França.
Estreante no Carnaval carioca, mas vencedor de seis título em São Paulo, o carnavalesco garante um desfile arrojado, mas que vai "beber da fonte da tradição" da Mangueira. "A ideia é quando a Mangueira desfilar em 2025, as pessoas captem uma Mangueira renovada por um carnavalesco que tem uma linguagem mais arrojada (...) A ousadia tem locais e tem locais que são sagrados, os signos basilares da Mangueira são imutáveis".
Mangueria vai traduzir influência dos Bantus por meio dos costumes, culinária e linguagemRenan Areias/Agência O Dia
Na segunda noite desfiles, no dia 3 de março, vão passar pela Avenida Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel.
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