Clarissa GarotinhoDivulgação

Formada em jornalismo, a deputada federal Clarissa Garotinho (União) é filha dos ex-governadores fluminenses Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho e irmã do prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho. Foi diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), e seu primeiro cargo político foi o de presidente da PMDB Jovem, em 2004. Eleita vereadora em 2008 pelo Rio de Janeiro, tornou-se deputada estadual em 2010 e deputada federal em 2014 e 2018.
Uma das poucas mulheres na disputa ao Senado Federal pelo Rio de Janeiro, defende o aumento de penas contra estupradores e pedófilos. Confira esse e outros pontos a seguir na entrevista exclusiva dada pela candidata ao Jornal O DIA.
A senhora é uma das duas únicas candidatas mulheres, este ano, a concorrer ao Senado pelo Rio. Qual o impacto dessa baixa representatividade feminina na política?
Acredito que o caminho para a gente ter mais conquistas nas pautas femininas é justamente aumentar a representação das mulheres na política. A prova disso é que, na Câmara dos Deputados, quando nós ampliamos o número de mulheres, nós tivemos, na última legislatura, mais de 70 projetos que viraram leis e que foram sancionadas pelo presidente da República em benefício das mulheres. No Senado, nossa representação ainda é muito baixa: nós só tivemos uma mulher na história do nosso estado que foi senadora. Eu acredito que hoje é o tempo e é a vez das mulheres, até para lutar contra a desigualdade salarial, o feminicídio, o aumento crescente do estupro.
Que pautas com relação aos direitos das mulheres a senhora pretende levar ao Senado, caso eleita?
O combate à violência contra a mulher, especialmente nessa questão do estupro. Eu sempre defendo que cadeia é muito pouco para estuprador. Defendo a castração química, tanto de estupradores quanto de pedófilos. Esta é uma das principais bandeiras da minha campanha ao Senado.
Que outras questões a senhora enxerga como mais urgentes para o Rio?
A gente precisa de um senador que seja uma voz forte para o nosso estado, que esteja presente nos momentos mais importantes do Rio, que tenha um bom diálogo com o Governo Federal, que seja capaz de desenvolver as nossas vocações, que entenda que um estado forte é um estado que tem o interior forte e onde a Baixada também tem vez. Hoje está terminando o mandato de um senador que não foi essa voz que precisamos, pelo contrário. Eu quero ser essa voz para defender os interesses do nosso estado, desenvolver as vocações regionais, o turismo na Costa Verde e na Região dos Lagos, que tem que ir além da capital. Nossa vocação industrial no automobilismo e na siderurgia no Sul Fluminense, nossa indústria do gás e do petróleo no Norte Fluminense, a agricultura e a pecuária no Noroeste.
Caso eleita, como a senhora pretende trabalhar com o futuro governador do Rio, lembrando que ele poderá ser tanto o atual governador, que tem o apoio do seu partido, quanto Marcelo Freixo, antigo adversário político de sua família?
Eu sendo senadora, vou trabalhar com aquele que a população do meu estado escolher. Ao que tudo indica, será o Cláudio Castro.
A senhora atualmente é muito próxima do presidente Bolsonaro. No entanto, o ex-presidente Lula vem liderando as pesquisas. Como será o relacionamento, caso ambos sejam eleitos?
Eu tenho certeza de que o Bolsonaro vai vencer as eleições porque as pessoas vão compreender que ele assumiu a Presidência numa das maiores crises que o mundo já viveu, a maior pandemia que a nossa geração presenciou, uma guerra no Leste Europeu com efeitos econômicos no mundo todo. Ele não completou nem os quatro anos ainda e eu tenho certeza de que a população vai entender que ele merece a chance de governar mais uma vez em condições normais, já que o PT governou por 15 anos e os resultados a gente viu quais foram, praticamente a corrupção institucionalizada. Nenhum governante está livre de acontecer corrupção dentro do seu governo. O problema é que o PT institucionalizou a corrupção, parece que era um governo montado para roubar.
Qual é a sua opinião sobre as emendas RP-9, que ficaram conhecidas como "orçamento secreto"?
Não existe orçamento secreto, existe orçamento. Todo orçamento é aprovado pelo Congresso Nacional, com o voto de todos os congressistas. Não existe!
A senhora apoia o presidente Bolsonaro, mas o presidente já declarou apoio a outro candidato ao Senado. Como a senhora vê isso?
Nas agendas políticas mais importantes do nosso estado, eu estive ao lado do presidente Bolsonaro o tempo todo. Quando ele foi ao Norte do Estado visitar o Porto do Açu, onde vai existir uma ferrovia, onde é um pólo de energia com o lançamento da GNA, eu estava lá junto com o Bolsonaro. Onde estava o senador do Rio? Quando ele veio ao polo GasLub, em Itaboraí, eu estava lá com Bolsonaro. O senador do Rio, onde é que ele estava? Quando ele veio na cidade do Rio anunciar o Plano de Regularização Fundiária de várias comunidades carentes da nossa cidade, eu estava lá ao lado dele. Quando ele veio a Petrópolis anunciar o plano de recuperação e os investimentos do Governo Federal na tragédia das chuvas, eu estava lá ao lado dele. A pergunta que fica é onde é que estava o senador do Rio em todos os momentos importantes do nosso estado. Ele estava jogando bola na praia da Barra. Então, é cada um no seu quadrado. A população sabe quem de fato trabalhou pelo estado e quem quis jogar bola por oito anos enquanto era senador.
Como deputada, a senhora apresentou uma PEC para que o Rio receba parte do fundo constitucional destinado a Brasília. Poderia explicar melhor a proposta?
O que eu vou buscar é a reparação do Rio de Janeiro. Pode ser no formato dessa PEC ou em outros formatos. O que não dá para achar normal é, quando eu chego em Brasília e olho todos aqueles Ministérios, a Praça dos Três Poderes, a economia forte, os servidores públicos mais bem pagos do Brasil, a polícia e os bombeiros mais bem pagos do Brasil, eu penso que tudo isso saiu de dentro do Rio de Janeiro, em nome de compensações que nós receberíamos e que nunca recebemos até hoje. Então, se existe uma dívida da União com o Rio, nós temos que cobrá-la, não importa quanto tempo passou.
Em defesa da sua candidatura, eu gostaria de pedir que a senhora dissesse por que os eleitores deveriam escolher a senhora como senadora.
Porque eu tenho 14 anos de vida pública, fui vereadora, deputada estadual, duas vezes deputada federal, tenho experiência, estou preparada para o Senado sem nada que desabone a minha conduta. Porque eu quero ser a voz forte que o Rio de Janeiro precisa em Brasília para defender os interesses do nosso estado e do nosso povo. Porque eu quero ser a voz das mulheres que sofrem com a violência e defender a castração química de estupradores e pedófilos que maltratam as mulheres e roubam a infância das nossas crianças.