Início da campanha na TV não altera cenário eleitoralMIGUEL SCHINCARIOL / AFP

Com 44% das intenções de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto, de acordo pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada nesta segunda, 29. Ele é seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 32%. Ainda segundo o Ipec, Ciro Gomes (PDT) tem 7% e Simone Tebet (MDB) aparece com 3%, empatada com o pedetista no limite da margem de erro (dois pontos porcentuais). Felipe d’Avila (Novo) tem 1%. Brancos e nulos somam 7% e 6% não sabem ou não responderam.

Essa é a primeira pesquisa do Ipec após o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão e as sabatinas do Jornal Nacional, da TV Globo. O quadro ficou estável, o que indica que o palanque eletrônico ainda não foi capaz de alterar o quadro de polarização entre Lula e Bolsonaro. No último levantamento do Ipec, divulgado no dia 15 de agosto, Lula aparecia com 44% das intenções de votos e Bolsonaro com 32%. Ciro Gomes (PDT) tinha 6% e Simone Tebet (MDB), 2%.

Na simulação de segundo turno, o candidato do PT tem 50% das intenções de voto, ante 37% do atual presidente. Na pesquisa anterior, Lula aparecia com 51% e Bolsonaro, 35%.

REJEIÇÃO

Segundo a pesquisa, a rejeição de Bolsonaro oscilou 1 ponto porcentual para cima dentro da margem de erro em relação à pesquisa do dia 15 de agosto. Já a de Lula aumentou três pontos porcentuais. Candidato à reeleição, o presidente aparece agora com 47% de rejeição, enquanto o petista tem 36%.

Entre os eleitores das capitais, Lula foi escolhido por 38% dos eleitores, ante 36% que preferem Bolsonaro. No último levantamento, o petista tinha 44% das intenções de voto e o presidente, 31%. No interior, o ex-presidente mantém a liderança, com 45%. Bolsonaro tem 32%.

Lula aparece sete pontos porcentuais à frente de seu principal adversário entre as famílias com renda de mais de dois salários mínimos até cinco salários mínimos, apontou a sondagem Ipec. Lula, que tinha 32% dos votos do segmento na mesma pesquisa anterior, agora tem 39%. Entre o mesmo público, Bolsonaro oscilou quatro pontos porcentuais para baixo (41% para 37%). O ex-presidente está em maior desvantagem entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos: 47% das intenções de voto para Bolsonaro, ante 28% para Lula.

Contratada pela TV Globo, a pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de agosto e entrevistou 2.000 eleitores presencialmente. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01979/2022. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

A pesquisa Ipec foi realizada ao final da segunda semana de campanha, marcada pelo primeiro debate presidencial, que ocorreu neste domingo, na TV Band, e pela sabatina dos quatro candidatos melhor colocados nas pesquisas na TV Globo. O levantamento também aconteceu depois das primeiras aparições dos candidatos no horário eleitoral gratuito.

Em campanha pelo Brasil, as políticas para as mulheres e o apelo ao eleitorado evangélico deu o tom dos discursos dos candidatos, que também procuraram dialogar sobre economia e apresentar propostas sobre distribuição de renda.

AGREGADOR

Após o mais recente levantamento do Ipec, o Agregador de Pesquisas do Estadão foi atualizado com os dados divulgados até ontem. Segundo a Média Estadão Dados, calculada pelo agregador, Lula tem 45% das intenções de voto e Bolsonaro, 33%. Se forem considerados apenas os votos válidos (sem contar nulos, brancos e indecisos), o candidato petista lidera por 51% a 38%.

O agregador é uma ferramenta interativa cujos gráficos mostram o cenário mais provável da corrida presidencial nos últimos seis meses. Nele, além de consultar a Média Estadão Dados, é possível ver de forma separada as estimativas das pesquisas presenciais e telefônicas.
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Apesar do cenário de estabilidade apontado pelo levantamento, os números da avaliação do governo mostram uma tendência de alta de Jair Bolsonaro (PL), o que pode levar a disputa a ser decidida em outro momento. A avaliação é do cientista político Cláudio André de Souza.

"Os dados mostram estabilidade do cenário, o que quer dizer que as sabatinas, o debate presidencial de ontem (domingo), ainda não mostraram impacto. Precisamos entender se será uma eleição a ser decidida no primeiro ou no segundo turno", disse o cientista em entrevista ao Broadcast Político.

O especialista afirmou ainda que um segundo turno pode beneficiar Bolsonaro porque daria a ele mais tempo para melhorar a avaliação do governo. "(O segundo turno) pode dar um fôlego para gerar o impacto maior dessa recuperação de Bolsonaro, quanto à diminuição da avaliação negativa, e isso pode se tornar intenção de voto."

Para Cláudio André, no entanto, a questão é entender se o presidente vai conseguir recuperar, a pouco mais de um mês da eleição, o tamanho político que tinha em 2018.