Quem depende de transporte público no Rio de Janeiro conhece bem o significado da expressão “ficar na mão”. Dados divulgados pelo aplicativo de mobilidade Moovit, mostram que, na capital do estado, mais de 68% dos passageiros gastam, em média, 2h no trânsito todos os dias. Isso sem falar no tempo de espera na estação ou ponto de ônibus. O levantamento revela que mais de 59% dos passageiros esperam mais de 20 minutos pelo transporte. A garantia de ir e vir para quem não se locomove com veículo próprio ou por táxi e aplicativos é o tema de hoje da série de matérias especiais sobre as propostas dos candidatos ao Governo do Estado. Além de ser um assunto que afeta diretamente o dia a dia dos fluminenses, é também um dos maiores desafios para o Palácio Guanabara. Quem assumir o cargo de chefe do Executivo fluminense vai começar o mandato já tendo que lidar com o fim da concessão das barcas, cujo contrato vence em fevereiro de 2023. Atualmente, a UFRJ trabalha em uma modelagem para o próximo edital, que só poderá ser lançado pelo próximo governo. Além da perda de passageiros ao longo dos anos, o modal ainda tem os desafios do equilíbrio econômico-financeiro da operação e da demanda por novas estações — mantendo tarifas ao alcance da população. Outra pedra no sapato do futuro governador é a Estação Gávea do Metrô, cuja previsão de conclusão era 2016. Apenas Paulo Ganime (Novo) e Wilson Witzel (PMB) tocaram explicitamente no assunto, assumindo o compromisso de entregar as obras. Confira abaixo as propostas.
Cláudio Castro (PL)
Se reeleito, o governador pretende levar o metrô até a Baixada Fluminense, com a implantação do Metroleve, e ampliar o investimento em manutenção das estradas do estado. Para melhorar a circulação e o trânsito, o candidato prevê a ampliação da Via Light e da TransBaixada. Castro também deseja investir no acesso aos portos do Rio de Janeiro, fazer a conexão ferroviária Rio-Vitória e implantar a Zona de Processamento de Exportação no Porto do Açu.
Cyro Garcia (PSTU)
O candidato planeja reestatizar o serviço de transporte, com o controle dos trabalhadores e usuários. Para a universalização dos meios de transporte público, ele prevê ampliar o metrô e as ferrovias. Com isso, Cyro pretende trazer mais eficiência e tornar as tarifas mais baratas. O representante do PSTU propõe transparência na prestação de contas e o debate público sobre os planos de expansão e manutenção desses serviços. O postulante deseja também que seja feita uma auditoria pública “do período da privatização até a sua retomada pelo estado”.
Eduardo Serra (PCB)
O postulante propõe a estatização do transporte público, começando pelo BRT, de responsabilidade do município. Para o transporte rodoviário, Serra pretende criar empresas públicas com expansão das frotas e linhas, dos horários noturnos e da gratuidade. O candidato também prevê uma integração intermodal do sistema, de modo intermunicipal e com o incentivo dos transportes alternativos, e a redução imediata da tarifa única, que a médio prazo deverá ser gratuita. Investimentos no metrô, trem, VLT e barcas também estão previstos.
Juliete Pantoja (UP)
Além da ampliação das ferrovias e metrovias, a candidata propõe a “administração estatal e o controle popular” dos trens e metrôs, com redução no valor das passagens e a implementação do Bilhete Único intermodal e intermunicipal. Ela também planeja a chegada do metrô na Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo, e a redução nos “intervalos de circulação dos trens” da Supervia. Outra proposta é tornar o passe livre intermunicipal para os estudantes de todas as séries do ensino, incluindo o ensino superior.
Marcelo Freixo (PSB)
O deputado federal prevê investir em mobilidade, priorizando trens e metrô, e a integração das linhas de ônibus. O objetivo principal é reduzir o tempo de viagem dos trabalhadores cariocas, com tarifas mais baratas e viagens “mais confortáveis”. Dentre os projetos para a área, Freixo pretende buscar uma parceria com o Governo Federal para construir a linha três do metrô, ligando São Gonçalo e Niterói, e melhorar os serviços da Supervia. O candidato também quer levar o VLT para a Ilha do Governador e Baixada Fluminense, e construir novas estações de barcas na Baía de Guanabara.
Paulo Ganime (Novo)
O candidato enumera algumas ações, como finalizar as obras em curso e as obras interrompidas do metrô e trens urbanos da Região Metropolitana. Ganime também prevê a integração sustentável dos modais, a recuperação e ampliação da capacidade de vias troncais importantes, mantendo em bom estado as demais vias. Destaque também para a promoção da mobilidade acessível a pontos turísticos, praias, parques, ampliando o uso de ciclovias. A proposta ainda sugere transformar a cidade em um “Hub Logístico”, unindo portos e terminais marítimos a rodovias e ferrovias de forma eficiente e segura.
Rodrigo Neves (PDT)
O plano de governo do ex-prefeito de Niterói fala em modernizar os sistemas ferroviário, aquaviário, metroviário e rodoviário, de forma atrelada a uma política de segurança pública e em parceria com os municípios. Neves pretende reestruturar a integração dos modais de maneira que a população possa acessar os diversos meios de transporte com facilidade e sem problemas.
Wilson Witzel (PMB)
A integração dos meios de transporte e o uso de meios alternativos, como as bicicletas, são alguns dos planos de Witzel que prevê também viabilizar as obras do metrô até a Gávea. O candidato visa investir no modal aquaviário, estudando a possibilidade de expansão das barcas para São Gonçalo, Magé e Barra. Construir a linha três do metrô (Niterói-São Gonçalo), que futuramente deverá ir até o Comperj, em Itaboraí, e expandir o uso do Bilhete Único para três horas e para três o número de passagens. Ele também estuda a possibilidade de ter um Bilhete Único mensal com valor diferenciado.
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