O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que seja investigada a compra de imóveis com dinheiro em espécie por familiares do presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação pede medidas como bloqueio de contas e busca e apreensão dos celulares e computadores utilizados pelos compradores. O parlamentar é um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Presidência.
Randolfe argumenta que é de interesse público saber a origem do dinheiro utilizado nas transações. "O salário de um parlamentar não justifica esse patrimônio milionário. Por isso, é direito de todos os brasileiros a transparência sobre o uso indevido do dinheiro público", afirmou.
Reportagem publicada pelo UOL esta semana afirma que metade dos imóveis adquiridos pelo clã Bolsonaro foi comprada total ou parcialmente com dinheiro em espécie. A prática levanta suspeitas de lavagem de dinheiro por ser considerada "altamente atípica", como disse ao Estadão o chefe da seção brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão.
Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente não negou o teor da reportagem e perguntou "qual o problema" de comprar imóveis com dinheiro vivo.
Randolfe aciona com frequência o Judiciário contra o chefe do Executivo. Como mostrou o Estadão, partiu do senador, e não da Polícia Federal, o pedido que embasou a decisão do ministro Alexandre de Moraes pela quebra do sigilo bancário dos empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado em conversa no WhatsApp.
O parlamentar foi criticado por aliados do presidente, que o acusaram de assumir função que seria do Procurador-Geral da República. "Combater todos aqueles que querem atentar contra a maior conquista que os brasileiros tiveram nos últimos 30 anos não tem identidade profissional", afirmou o senador.
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