Lula (PT) em coletiva de imprensa no Hotel Pestana, em Copacana, ao lado de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.Carlos Leal / O Dia

Ao receber a notícia sobre a morte do petista Benedito Cardoso dos Santos – brutalmente assassinado pelo bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, em Mato Grosso do Sul, no último dia 7–, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou uma coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (9), no Hotel Pestana, em Copacabana.
O ex-presidente se referiu ao ato como “uma demonstração do clima de ódio que está estabelecido no processo eleitoral” do país, e completou dizendo que é “uma coisa totalmente anormal”.
Lula relembrou ainda os anos em que ele e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), eram rivais nos palanques, mas as eleições eram pacíficas e sem polarização: “Estávamos em partidos diferentes, falávamos mal um do outro, e na hora que a gente tem que pensar no país, nós estamos juntos”, afirmou.
O candidato também disse que “as pessoas estão sendo induzidas a uma violência exacerbada”.
Ao ser questionado pela TV Globo sobre os cuidados que o petista está tomando em termos de segurança e quais os conselhos ele daria para os militantes, Lula respondeu que a orientação é “terminou os comícios, vão para casa. Nós não temos a cultura da violência, a cultura da ignorância política, a cultura da antidemocracia. Isso aconteceu agora. Isso aconteceu em 2018 e aconteceu agora”, declarou.
O ex-presidente insinuou ainda que os atos violentos poderiam ser uma “estratégia política”: “eu espero que a polícia esteja atenta. E a própria Justiça Eleitoral para ver se isso tem orientação, se isso é uma estratégia de política.”
O candidato também foi questionado se não seria o momento de “pedir uma trégua” ao presidente Jair Bolsonaro (PL): “o problema é que ele (Bolsonaro) não vai reconhecer que é da parte dele. Então, como é que se pode fazer trégua?”, respondeu Lula acrescentando que em “uma sociedade civilizada não precisa ter disso” e que tem recebido “muitas provocações.”
O ex-presidente acusou Bolsonaro de utilizar a máquina pública para promover sua candidatura, citando os eventos de 7 de setembro. As críticas também se estenderam aos filhos e sobre o sigilo de cem anos. O candidato afirmou que, se eleito, vai acabar com o sigilo.
“Eu quero saber o que ele tem de tão importante, que tem que colocar sigilo de cem anos”, disse.
Amazônia e as questões climáticas
A jornalista Romana Samuel perguntou ao postulante sobre as taxas de desmatamento da Amazônia no seu antigo governo, entre os anos de 2003 e 2011, e quais as propostas que o candidato teria para a região. Ela perguntou ainda sobre como a União Europeia poderia ser uma aliada para conter o desmatamento.
Lula respondeu que não havia “nenhum controle de desmatamento da Amazônia” e afirmou que foram criados “mecanismos de controle”. O candidato afirmou que o seu governo teve o menor índice de desmatamento desde que se passou a medir as queimadas.
O petista disse que a questão climática não é “mais uma brincadeira”, mas um problema mundial e admitiu que o homem é responsável pelos problemas na natureza. E concluiu: “Nós somos donos soberanos da Amazônia, mas humildemente a gente tem o interesse de construir parcerias científicas com a Europa e com o resto do mundo para que a gente possa tirar da nossa biodiversidade, quem sabe, coisas que possam gerar riqueza para financiar a vida de quase 28 milhões de pessoas que moram no nosso território amazônico”, disse o postulante.
Relação internacional e guerra na Ucrânia
Caso volte a governar o país, Lula afirmou que não quer o país como ele está atualmente e prometeu que o “Brasil vai voltar a ser protagonista internacional”. Ele quer ainda “reestabelecer” as relações com a União Europeia, Estados Unidos e China. Segundo o petista, não é preciso “falar fino” com os EUA e nem “falar grosso” com a Bolívia. É preciso falar igualmente com todos os países: “todos terão que ser tratados com igualdade de condições porque política internacional é bom”, afirmou.
O candidato também pretende interferir na guerra entre a Rússia e Ucrânia: “eu estou pedindo a Deus que essa guerra da Ucrânia acabe antes da gente ganhar as eleições. Porque se a gente ganhar, a gente vai meter o dedo para discutir isso”, declarou.
O ex-presidente ainda falou sobre o apoio a Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Rio de Janeiro e também mencionou os compromissos políticos realizados no estado. Ontem, ele participou de um comício em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e, hoje de manhã teve um encontro com evangélicos, em São Gonçalo.