Reforma do hospital Getúlio Vargas é uma das propostas dos candidatosAlexandre Brum

O próximo governador do Rio terá um grande desafio na gestão da Saúde, já que o estado é responsável pelos cuidados de média e alta complexidade e pelos hospitais de emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a rede pública fluminense conta com 61 unidades divididas entre 17 hospitais, 27 Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e 8 Institutos de Saúde Estaduais. No entanto, para manter o atendimento, nem sempre os recursos chegam à ponta: nos últimos quatro anos, o Tribunal de Contas do Estado emitiu três pareceres prévios reprovando os números. E, entre as irregularidades, está o descumprimento de repasses para a área. O único relatório favorável foi o de 2021, inteiramente sob a gestão de Cláudio Castro (PL).

O hospital Getúlio Vargas, por exemplo, está há mais de 10 anos precisando de uma reforma de grande porte, enquanto o Hospital Eduardo Rabello, na Zona Oeste, quase foi fechado recentemente por conta de problemas estruturais.
Além disso, procedimentos de média e alta complexidade como cirurgias bariátricas, cirurgias ortopédicas e tratamentos oncológicos acabaram interrompidos por causa da pandemia de Covid-19, criando um gargalo no sistema. A grande demanda represada neste tipo de atendimento terá que ser enfrentada pelo próximo chefe do Poder Executivo. Outro obstáculo a ser superado será a retomada dos programas de vacinação. A questão não é exclusiva dos fluminenses: a cobertura de crianças imunizadas contra doenças como poliomielite e sarampo caiu nacionalmente.
Todos os candidatos ao governo apontam, em seus planos, a necessidade de uma melhora na gestão da área, com soluções diferentes. O atual governador, por exemplo, defende a construção de unidades em locais como Baixada e Região Serrana, enquanto Marcelo Freixo (PSB) cita melhorias nos equipamentos já existentes. Também há propostas como estímulo ao complexo industrial da saúde, além de visões opostas sobre a participação ou não da iniciativa privada na rede estadual. Confira:
Cláudio Castro (PL)
Se reeleito, Castro prevê tornar o Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) em um complexo de excelência. O postulante visa consolidar as obras do Hospital de Cardiologia da Baixada, dos hospitais oncológicos da Baixada e de Nova Friburgo, do Hospital de Resende, Hospital do Tórax e da Maternidade de São Gonçalo. Castro também pretende implementar o RioImagem Baixada e melhorar a rede de urgência e emergência, com a reforma de hospitais, em especial: Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV) e Hospital Estadual Roberto Chabo (HERC).

Cyro Garcia (PSTU)
O postulante acredita que a Saúde “deve ser uma das prioridades do governo”. Ele defende um “sistema totalmente público e gratuito”, sem privatizações e terceirização. A vacinação contra a Covid-19 em todo o estado é um dos focos do candidato. Cyro Garcia deseja lutar pela “estruturação do quadro de funcionários” e, para que isso aconteça, ele pretende realizar concursos públicos de forma imediata. Outra proposta é a recuperação dos hospitais e institutos federais, aumentando o número de unidades de emergência e reestruturando as já existentes.

Eduardo Serra (PCB)
Se eleito, Serra afirma que atuará na perspectiva do SUS 100% estatal, de qualidade e sob controle da classe trabalhadora. Integrando o sistema estadual com os sistemas municipais e federal, com centrais de atendimento e logística. Além disso, serão criados e implementados os Conselhos Populares de Saúde, por bairros e municípios, e um Conselho Popular Estadual. O postulante pretende realizar o cadastramento de doentes crônicos para atendimento e fornecimento de medicamentos e valorizar os profissionais de saúde, com aumento dos salários e planos de carreira adequados.

Juliete Pantoja (UP)
A candidata propõe a retomada da administração direta da saúde pública pelo Estado, encerrando e auditando os contratos com as OS (Organizações Sociais). Ela deseja criar um laboratório farmacêutico para produzir e oferecer medicação a baixo custo para a população. Outra proposta é a criação de uma “rede de apoio à saúde mental”. Pantoja também pretende realizar concursos públicos e redistribuir o orçamento para a área. A valorização profissional, com aumentos anuais a todos os servidores da saúde e plano de cargos e carreiras também está no plano de governo da postulante.

Luiz Eugênio Honorato (PCO)
O representante do Partido da Causa Operária defende mais verbas para a área, colocando “a riqueza do petróleo a serviço das necessidades do povo brasileiro, destinando-a à saúde e educação públicas, construção de moradias populares, obras de infraestrutura e etc.” Além disso, defende mais verbas para a saúde, educação e demais serviços essenciais. Por fim, coloca-se contra a perda de estabilidade dos servidores públicos que atuam nos serviços essenciais.

Marcelo Freixo (PSB)
A principal proposta do candidato é o programa Mais Saúde, que tem por objetivo ampliar a oferta de consultas, cirurgias e exames, bem como aumentar o número de leitos, em especial nas Zonas Oeste e Norte da Capital, na Baixada, em São Gonçalo e no interior do estado, que são regiões com maior dificuldade de acesso a atendimentos e internações via SUS. Freixo defende, ainda, instituir um programa permanente de modernização dos equipamentos de saúde, garantindo no orçamento do estado recursos para investimento na melhoria da estrutura dos hospitais e centros clínicos (rede assistencial).

Paulo Ganime (Novo)
O candidato propõe uma simplificação no atendimento da Saúde, com maior transparência e personalização. O lema de Paulo Ganime é “Saúde no lugar certo, na hora certa e da forma certa”. O programa de governo do postulante defende também o fortalecimento dos planos de carreira, com evolução por méritos, metas e provas, de maneira a tornar a gestão e o funcionamento do serviço mais técnico e eficiente.

Rodrigo Neves (PDT)
Para o postulante, é fundamental garantir a atenção básica à saúde com a cooperação e participação direta dos municípios. Dessa forma, Neves planeja recuperar a infraestrutura e restabelecer a qualidade do serviço em todas as unidades de saúde do estado e ampliar o atendimento ambulatorial especializado. O candidato deseja que o Rio seja liderança do complexo industrial da saúde, preparando nossa cidade e o próprio estado para prováveis pandemias intermitentes no mundo, aproveitando o enorme potencial do estado que já abriga importantes instituições públicas e privadas que são referências para todo o país.

Wilson Witzel (PMB)
Witzel propõe uma política de acompanhamento domiciliar do cidadão, com o objetivo de desafogar as emergências e otimizar o atendimento de doenças crônicas e cuidados paliativos. Outra proposta do candidato é revisar a logística das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) quanto a equipamentos e nível de atendimento. Witzel defende ainda o fortalecimento de parcerias público-privadas para o sistema de saúde, propondo a implantação de centros de referência para as especialidades de doenças mais prevalentes – neurocirurgia, cardiovascular e oncológicas.