Bolsonaristas têm explorado vídeos de Ciro Gomes (PDT) com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atacar o petista nas redes sociais. As imagens foram compartilhadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL); pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria; e pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Em discurso, Ciro afirma que Lula é quem "financia o gabinete do ódio mais picareta, mais desonesto de toda a história do Brasil" e que o PT se tornou "uma organização criminosa". No perfil do Twitter de Faria eram 162 mil visualizações, 16 mil curtidas e 4,2 mil compartilhamentos até o início da tarde de ontem.
"Com a palavra, Ciro Gomes...", escreve o titular das Comunicações. Eduardo, por sua vez, iguala o PT ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e cita uma fala do pedetista: "Não podemos entregar a Presidência e o governo de São Paulo para essa gente".
Em outro vídeo, compartilhado por Heleno e Eduardo, Ciro diz que Lula não pode ser eleito presidente de novo porque sabia do esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Lava Jato, "a não ser que a gente queira ensinar para nossos jovens e nossos filhos que roubar vale a pena".
Políticos como o deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR) e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), candidatos à reeleição, e páginas de direita.
"Isso é mais um esforço de corrupção do PT e do Lula, que lidera esse esforço de corrupção porque não tem escrúpulo de nenhuma natureza", disse Ciro ontem, ao ser questionado sobre críticas de que teria se tornado linha auxiliar de Bolsonaro ao centrar os ataques em Lula. "Por que é que sou candidato? Desculpa, a democracia me permite ser candidato ou preciso pedir permissão ao São Lula para ser candidato? Ah, eles estão muito enganados", disse o pedetista, durante evento na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em Salvador. Na véspera, em São Paulo, Ciro disse que petistas devem usar como "munição" o que ele fala sobre Bolsonaro, como fizeram bolsonaristas.
ELEITOR
Para o diretor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marco Aurélio Ruediger, ao reproduzirem as falas de Ciro - um nome da centro-esquerda -, bolsonaristas tentam se aproximar de um eleitorado mais jovem, de centro e indeciso.
"Eles querem usar Ciro como uma testemunha ocular que viveu aquilo e se colocou contra. Mas essa estratégia não vai funcionar porque a polarização está em um grau absurdo." Ciro foi ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula (2003-2006). Segundo Ruediger, o ex-ministro, entretanto, expõe certa ingenuidade porque a esquerda e a centro-esquerda não vão repercutir as falas dele.
Procurada, a campanha de Lula não quis se manifestar.
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