Informações de entrevista de Marcelo Freixo (PSB) ao RJTV1 foram modificadas e espalhadas nas redes sociaisReprodução/ TV Globo

Rio - Uma matéria falsa sobre a entrevista do candidato ao Governo do Estado do Rio Marcelo Freixo (PSB) ao RJTV1 circula nas redes sociais. O título da matéria diz que o candidato teria afirmado que "fará operação policial em favelas, mas policiais não poderão atirar em ninguém, nem mesmo nos bandidos, e que helicóptero também não vai mais operar". O candidato, ao contrário, afirmou que fará operações policiais e que manterá as aeronaves.

O próprio texto da matéria desmente a informação do título, que está sendo repassado no WhatsApp. No Facebook, o conteúdo já foi classificado como falso.
Conteúdo falso circula nas redes sociais - Reprodução
Conteúdo falso circula nas redes sociaisReprodução
A entrevista do candidato está disponível na íntegra pela TV Globo no site G1. O título falso modifica o que o candidato respondeu ao jornalista Edmilson Ávila. Perguntado pelo entrevistador sobre o uso de helicópteros em operações, Freixo afirma que caso seja eleito, manterá o uso, no entanto, o equipamento não servirá de plataforma de tiro.

"Ninguém está vetando helicópteros em operações. Os helicópteros são fundamentais. Primeiro, eu acho que a gente tem que entender que as operações são fundamentais e terá operação policial no meu governo onde tiver crime. Isso, eu quero deixar claro. Terá operação policial com planejamento e com respeito aos moradores", afirmou.

O jornalista insistiu com o candidato: "Uma ação do seu partido no STF restringiu operações em favelas. O pedido fala em 'não utilização de helicópteros como plataforma de tiro'. Se eleito o senhor vai contrariar a polícia e vetar o helicóptero em operações ou o senhor vai contrariar a ação do seu partido?", perguntou Edmilson.

O candidato afirmou que não concorda com os disparos feitos da aeronave. Segundo ele, este uso põe em risco moradores, crianças e idosos em favelas.

"Tem crime nas favelas. (Mas) Não tem crime só nas favelas. Menos de 1% dos moradores de qualquer favela do Rio de Janeiro têm envolvimento com o crime. Eu vou combater tráfico e vou combater milícia. O helicóptero é um instrumento fundamental. Agora, eu não posso concordar (com disparos feitos de helicópteros), e eu vou conversar muito com a polícia sobre isso. A chance de matar um inocente numa favela com um tiro dado de cima é enorme, como já vimos várias vezes", afirmou.

Edmilson pergunta novamente: "Não pode dar tiro nesse momento, então?"

Freixo repete que vai usar helicópteros em operações em favelas, mas que discorda do uso da aeronave como plataforma de tiro. "O helicóptero é importante tecnicamente. Tem uma visão total do que está acontecendo numa área de conflito. Na minha opinião, não pode (dar tiro do helicóptero). O tiro dado por um helicóptero pode levar crianças a serem mortas. O helicóptero estará presente, mas do helicóptero não pode partir tiro que possa matar uma criança, um idoso. Edmilson, se você morasse em uma favela, e o seu filho que você ama tanto estivesse em casa, você jamais teria dúvida de que um helicóptero não poderia dar tiro no lugar em que você e seu filho moram", afirmou o candidato do PSB.

Marcelo Freixo prosseguiu afirmando que vai enfrentar o crime respeitando os moradores de favela. "Eu não posso não pensar nas pessoas que estão morando na favela. Eu quero enfrentar o crime e vou enfrentar como sempre enfrentei na minha vida. Aliás, como deputado eu enfrentei mais o crime do que tudo que é governador. Eu não posso achar que a favela é lugar onde as pessoas não tem direito", argumentou.

O jornalista questionou, na sequência, sobre uma liminar da ADPF 635, que passou a restringir operações policiais durante a pandemia de covid-19 a casos excepcionais. Edmilson pergunta se homens armados com fuzis e barricadas em favelas configuram excepcionalidade. Freixo afirma que sim, e que caso seja governador, a polícia vai entrar nas favelas com planejamento para a ocupação. 

"Claro que a polícia tem que agir, e a gente tem que retomar território. A milícia cresceu. Claro que tem que entrar, tirar tudo (as barricadas) e ocupar. Mas, tem que ocupar com programa, pensando nesses moradores. Pensando que a segurança tem dois braços. Um braço é prender bandido, enfrentar o crime e retomar território. O outro é investimento social para que aquela criança tenha pra onde ir e tenha alternativa. O que eu não quero é o lugar ficar sendo disputado entre tráfico e milícia. Quero um lugar onde o Estado esteja presente. Uma polícia treinada, equipada, preparada para respeitar o morador", afirmou Freixo.
A entrevista foi realizada no programa RJTV1 da TV Globo no dia 13 de setembro.
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