A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 15, mostrou um cenário de estabilidade na disputa presidencialRicardo Stuckert/Divulgação e Presidência da República

No pouco tempo em que conversou com jornalistas no Salão Amarelo do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre (RS), o ex-presidente e candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não deixou de alfinetar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Aproveitando a deixa de uma pergunta sobre se pretendia renegociar a dívida do Estado do Rio Grande do Sul, além de dizer que se reunirá com os governadores já na primeira semana do seu mandato, Lula disse, sem citar nominalmente Bolsonaro, que "ele não sabe governar, não sabe conversar e que por isso espalha fakenews".

Disse ainda que "essa é primeira vez na história do Brasil vê vemos um presidente da República que não controla o Orçamento da União". Lula fez essa afirmação em alusão à Emenda do Relator, popularmente conhecida como "Orçamento Secreto", em que os valores previstos para emendas no orçamento são destinados de forma sigilosa a parlamentares, a partir de acordos políticos.
Em Londrina, no Paraná, durante um comício Bolsonaro associou nesta sexta-feira, 16, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao "mal", à "corrupção" e a "tudo que não presta". Desde a semana passada, a campanha do chefe do Executivo tem subido o tom contra o petista na propaganda eleitoral na TV e em publicações nas redes sociais para tentar aumentar a rejeição ao líder nas pesquisas de intenção de voto.

"Onde está o mal, lá está o PT. Onde tem corrupção, lá estava o PT. Onde está tudo o que não presta, lá está o PT", declarou Bolsonaro a apoiadores. "Aqui não tem 'nós contra eles', não tem divisão de classe, somos um só povo, uma só raça, um só País. Tenho certeza que no próximo dia 2 de outubro a vitória será no primeiro turno", emendou. O presidente também disse que a corrupção "acabou" no Brasil, sem mencionar os escândalos no Ministério da Educação durante seu governo.

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 15, mostrou um cenário de estabilidade na disputa presidencial. Lula se manteve com 45% das intenções de voto no primeiro turno, e Bolsonaro oscilou de 34% para 33%. A campanha do candidato à reeleição esperava que a essa altura da corrida eleitoral ele já houvesse ultrapassado ou, pelo menos, empatado com o petista nos levantamentos. O possível efeito positivo para Bolsonaro do aumento do Auxílio Brasil, por exemplo, que era o trunfo da campanha, não se confirmou. Por isso, a aposta agora é nos ataques ao PT.

Mais cedo, em comício na cidade de Prudentópolis (PR), Bolsonaro voltou a definir a eleição para o Palácio do Planalto como uma batalha "do bem contra o mal" e pediu que a população "não fuja da luta". "Temos pela frente uma bifurcação, uma decisão que todos nós devemos tomar. Na luta do bem contra o mal, o bem sempre venceu e vencerá novamente. O povo, nesses momentos difíceis, fez valer sua vontade. E eu peço a todos vocês que decidam, que participem. Nós sabemos que lá na frente todos nós seremos julgados, não só pelas nossas ações, bem como pelas nossas omissões. Que o povo brasileiro não fuja da luta", disse Bolsonaro.

Nesta quarta-feira, 14, em Natal (RN), Bolsonaro comparou a eleição a uma "encruzilhada" e também atacou Lula. "O Brasil não merece um cara que há pouco saiu da cadeia e quer agora, com seu vice, voltar à cena do crime. Não tem mais espaço para ladrão em nosso País", declarou o candidato à reeleição, em referência ao petista. Na sexta-feira passada, 9, em Araguatins (TO), o chefe do Executivo disse que iria "varrer" o PT para o "lixo da história" se fosse reeleito. A declaração ocorreu no mesmo dia em que um apoiador do chefe do Executivo foi preso por ter matado a facadas um eleitor de Lula após uma discussão sobre política em Confresa (MT).