O governador Cláudio Castro é candidato à reeleição pelo Partido LiberalRAFAEL CAMPOS / Divulgação

Último entrevistado para a série de sabatinas do O Dia, o governador Cláudio Castro (PL) diz que, se reeleito, pretende gerar 1 milhão de empregos nos próximos quatro anos. Ele assumiu o cargo após Wilson Witzel sofrer um processo de impeachment em 2020 e ser afastado definitivamente no ano seguinte.
Segundo Castro, o maior desafio durante o período em que esteve à frente do Executivo foi a pandemia da Covid e a crise econômica. Diante dos problemas no Ceperj e das críticas relacionadas a sua política de segurança, o governador garante que o Rio de Janeiro melhorou, com a criação de empregos e os investimentos na área da Saúde, Educação e Segurança Pública.
Nesses dois anos à frente do Governo do Rio qual foi o maior desafio que enfrentou?
Sem dúvida um momento difícil foi a pandemia, com pessoas morrendo. E a situação complexa da economia, que provocou um rombo nas contas públicas. Não houve desafio maior do que vencer isso e conseguir ajudar as pessoas.
Se reeleito, quais as principais necessidades da população que o senhor pretende focar no próximo triênio?
Segurança pública, emprego, saúde e educação. Hoje também temos em torno de 3 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Mas conforme empregos são gerados e a atividade econômica melhora, esse número diminui. Essas áreas se complementam e é um ciclo que precisa funcionar.
A educação foi bastante prejudicada por conta da pandemia. O que o senhor pretende fazer para sanar os problemas nessa área?
O programa Mãe tem 5 mil mães ajudando a questão da evasão escolar. Elas trazem os alunos de volta e acompanham a jornada escolar deles. Também estamos reformando 150 escolas e transformando Cieps em ETECs, com o ensino 100% voltado para a tecnologia.
O senhor era vice de Wilson Witzel e seus adversários têm utilizado isso contra o senhor. Quais são as continuidades e rupturas dos dois governos?
São totalmente diferentes. A própria imprensa dizia que eu não tinha espaço. As pessoas falavam que eu seria um vice decorativo. E quando assumi, pude mostrar meu próprio governo, com foco em empregabilidade e qualificação profissional. Abri 11 escolas técnicas e gerei mais de 11 mil novas vagas. Hoje temos 75 mil alunos matriculados nas Faetecs. Organizei as contas públicas e tem muita diferença na segurança também. Tínhamos um governo que não dialogava com as pessoas, principalmente na área da Covid. Não dialogava com os prefeitos e eu passei a dialogar. O governador brigava com todo mundo, com o presidente, com a Assembleia Legislativa e hoje temos um governo de coalizão, com todos trabalhando pelo crescimento do Rio. Fica clara a diferença entre nós. Conseguimos em pouco tempo sair do atraso, não só devido à pandemia, mas também pela conduta do governador passado.
Qual seria a cara do governo Cláudio Castro, agora sem o peso do antecessor?
É a do diálogo e da parceria, do governo que gera emprego e que está recuperando a credibilidade. Hoje temos o Rio da paz, da paz política, de cumprir contratos e de evoluir em todas as áreas. Isso faz o estado crescer. E com a legitimidade do voto poderemos continuar melhorando, olhando mais para a população e não para os interesses pessoais, nem do governador e nem de quem quer que seja.
Quais os critérios utilizados para escolher Thiago Pampolha (União) para assumir o lugar de Washington Reis como vice?
A ideia sempre foi ter alguém da Baixada ou da Zona Oeste. Ter um deputado jovem, da Zona Oeste, com experiência – ele já foi secretário de duas pastas, foi um excelente secretário de Meio Ambiente no meu governo – e que pertence a um partido coligado, certamente credenciou o Thiago a estar na nossa chapa para continuar o trabalho do Washington Reis.
O que o senhor tem a dizer sobre as denúncias envolvendo o Ceperj?
Tentaram transformar um erro administrativo de uma minoria em uma crise. Estamos tomando todas as medidas, porque governar é resolver problemas e encarar desafios. Eu não tenho dúvidas que vamos voltar com os programas o mais rápido possível, porque a população precisa deles e eu faço questão de continuar atendendo a população.
O que já foi feito no sentido de transferir os projetos para as respectivas secretarias?
Já fiz o decreto para extinguir os projetos do Ceperj e determinei que cada secretaria licitasse. Falta começar os processos licitatórios, lembrando que nesse momento a lei eleitoral veda. Então vamos ter que esperar as eleições terminarem para voltar com esses programas importantes.
Em dois anos como chefe do Executivo, ocorreram três das cinco operações mais letais do Rio de Janeiro. Qual é a sua estratégia para Segurança Pública? As operações são uma boa estratégia?
As operações hoje são necessárias. Eu sempre digo que não celebro a morte de ninguém, mas a polícia tem que fazer seu papel e ela vem fazendo isso. A gente tem feito o que acho correto com a polícia. Tínhamos o segundo pior salário do Brasil e hoje temos o terceiro melhor. Estamos investindo em inteligência, investigação e infraestrutura. A queda nos índices é a prova de que estamos no caminho certo. O Cidade Integrada está no rumo certo. A nossa política para as comunidades é uma política cidadã, de levar o serviço público até às pessoas e não tenho dúvida de que vamos conseguir melhorar a vida de todos.
O senhor levou o Cidade Integrada ao Jacarezinho e à Muzema. Como garantir que esse projeto não terá o mesmo destino das UPPs, enfraquecidas por não terem cumprido seu objetivo?
Estou fazendo um programa totalmente diferente. Não uso o Cidade Integrada para a eleição. Se estivesse fazendo isso, já o teria ampliado. Ele está sendo preservado do processo eleitoral, porque eu entendo que isso é muito maior que a campanha, o que já é uma demonstração de que o programa é diferente das UPPs. Não estamos usando de forma política, o que acho que foi a principal coisa da UPP. Eu quero que ele seja um programa do Estado e não só de governo ou do governador Cláudio Castro.
Sob o Regime de Recuperação Fiscal, o estado adiou o pagamento do serviço da dívida. Como está a preparação para o momento em que o Rio voltar a ter esses desembolsos?
Só este ano pagamos mais de R$ 1 bilhão e a ideia é continuar pagando. Temos um cronograma de pagamento e vamos honrar isso. A LOA (Lei Orçamentária Anual), que será apresentada para o ano que vem, pelo segundo ano consecutivo não prevê déficit. Isso é um grande feito para um estado que não conseguia andar com as próprias pernas e hoje vive sem deixar dívidas para as próximas gerações.
Caso o senhor e o ex-presidente Lula sejam ambos reeleitos, como será esse relacionamento, visto que os dois estão em campos políticos distintos?
Quem é eleito pelo povo tem a obrigação de trabalhar junto. Se eu e o Lula formos eleitos, nós vamos trabalhar juntos; se for eu e o Bolsonaro, vamos trabalhar juntos. Meu candidato é o Bolsonaro e vou lutar pela eleição dele até o último dia, mas se a população escolher outro eu vou trabalhar com ele.
O estado está com os quadros efetivos muito defasados. Como garantir o funcionamento da máquina pública? Há planos de concursos?
Já houve concurso para a Polícia Civil e vai ter para a Militar. Temos que lembrar que o Rio está em Regime de Recuperação Fiscal e, no máximo, o que pode ser feito é repor os que saíram. A gente não pode ficar contratando. Independentemente de quem assumir, terá que respeitar o Regime e não poderá fazer grandes contratações, apenas as reposições necessárias, e isso nós faremos.
Qual a mensagem que o senhor quer deixar para o eleitorado na reta final das eleições?
O estado vem se recuperando. Em dois anos geramos emprego. Tínhamos dificuldade em pagar o servidor, honrar os compromissos, e eu organizei as contas públicas. O estado não investia em Saúde e estou construindo mais de 34 unidades. Eu e minha equipe estamos preparados para continuar esse processo de salvar o estado. Não tenho dúvidas que fui o governador que mais reduziu impostos na história do Rio. O dinheiro tem que estar na mão da população e a redução da carga tributária é a prova de que queremos que o governo gere mais empregos. Conseguimos melhorar o ambiente de negócios e abrir mais de 143 mil novas empresas. A redução dos tributos torna o estado mais atrativo e faz ele se desenvolver. Desta forma, poderemos cumprir o plano de gerar 1 milhão de vagas nos próximos quatro anos.