O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que vai ao debate entre candidatos ao Palácio do Planalto organizado por SBT, Estadão, CNN e outros veículos de mídia neste sábado, 24, e disse que espera ser questionado sobre a compra de imóveis com dinheiro vivo por sua família. "Vão fazer as perguntas mais esquisitas para mim. Pode ter certeza, nenhuma ficará sem uma resposta calcada na verdade", declarou o chefe do Executivo durante comício em Contagem (MG).
Mais cedo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, confirmou que vai faltar ao debate de amanhã. A campanha à reeleição avalia que Bolsonaro vai ter uma oportunidade de atacar "sem réplica" seu principal adversário na disputa eleitoral e ainda vai poder dizer que Lula "arregou".
A estratégia do comitê bolsonarista na reta final da disputa no primeiro turno é subir o tom contra Lula para tentar aumentar a rejeição do petista, já que a de Bolsonaro se mantém estável em um nível considerado alto. "A partir de agora, vai ser porradaria até o último dia", disse ao Broadcast Político uma fonte próxima ao presidente. A tendência é que tanto Lula quanto Bolsonaro compareçam na próxima quinta-feira, 29, ao debate da Globo, a três dias da votação.
"As acusações contra mim continuam, me acusando de tudo. Nós temos a verdade do nosso lado. Temos um debate no SBT. Estarei presente. Vão fazer as perguntas mais esquisitas para mim. Pode ter certeza, nenhuma ficará sem uma resposta calcada na verdade. Espero que perguntem para mim a questão dos imóveis do clã Bolsonaro, covardia com a minha família", disse o presidente.
Hoje, uma liminar do desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), tirou do ar duas reportagens do portal de notícias UOL sobre a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro. Nas últimas semanas, o assunto tem gerado desgaste para a campanha do presidente.
No primeiro debate presidencial na TV, realizado pela Band, em parceria com outros veículos de mídia, em 29 de agosto, Bolsonaro mudou de ideia diversas vezes. Na véspera, o presidente havia avisado a aliados que não iria ao debate. A própria campanha avaliava que o saldo poderia ser negativo, já que Bolsonaro seria "vidraça" para os outros candidatos. No fim, o presidente decidiu ir, irritou-se com uma pergunta e acabou atacando a jornalista Vera Magalhães, o que foi lamentado pelo comitê da reeleição, num momento em que o candidato precisava buscar o voto feminino.
Durante o comício em Contagem hoje, Bolsonaro voltou a classificar a eleição como uma luta entre o "bem" e o "mal". "Vamos comparecer às urnas agora no próximo dia 2. Vão inventar alguma coisa contra mim e minha família nos nove dias que temos pela frente", disse. "Temos que trabalhar, só faltam nove dias para a grande decisão. Assim como naqueles dias difíceis o bem venceu o mal, agora em 2022 o bem vencerá o mal mais uma vez", emendou.
Bolsonaro também atacou Lula no discurso. "Não é fácil, mas uma coisa me conforta e muito na presidência da República: é saber que naquela cadeira presidencial não tem um comunista ladrão sentado nela", declarou. "Peço a Deus que continue me dando força, coragem e sabedoria para que a gente possa, lá na frente, bem lá na frente, entregar, para quem me suceder, democraticamente e numa eleição limpa, a continuidade do governo brasileiro", emendou o presidente.
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