Petista tem o apoio de Ciro Gomes e de Simone Tebet.MIGUEL SCHINCARIOL / AFP

Após a votação do último domingo (2) ter levado a corrida presidencial ao segundo turno, os candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL) agora buscam apoio político para fortalecer suas campanhas. O atual presidente já conseguiu a aprovação de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e selou acordo com governadores de três estados do Sudeste, a região com o maior número de eleitores no país. Já o petista teve a adesão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de José Serra, do partido Cidadania, do PDT, de Ciro Gomes, e de Simone Tebet.
A candidata derrotada do MDB à Presidência, Simone Tebet, fez pronunciamento nesta quarta-feira, 5, e declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Porém, durante sua campanha, Tebet chegou a comparar o petista a Juan Domingo Perón, que governou a Argentina por três mandatos. "Eu não acredito no governo Lula. Por isso, eu sou candidata. Eu não consigo visualizar (apoio), a não ser o papel que nós temos de fortalecimento de um pacto a favor do Brasil que começa e não termina agora", declarou.
A emebedista foi entusiasta do impeachment de Dilma Rousseff (PT), para o qual contribuiu com seu voto. Na ocasião, chegou a dizer que "o PT, em nome de um programa de partido, e não de governo, rasgou a Constituição".
Nesta quarta, em seu pronunciamento de apoio ao petista, Tebet afirmou que "tem críticas a Lula, mas reconhece no petista compromisso com a democracia". Afirmou também que "espera que a campanha do ex-presidente incorpore cinco propostas que apresentou, entre as quais a de composição de um ministério 'plural' e a poupança para jovens que concluírem o ensino médio."
Durante os debates, Simone Tebet também não poupou críticas ao atual governo. Ao abordar e criticar a atuação de Bolsonaro no combate à pandemia da Covid-19, a senadora ironizou: "Não vi o presidente entrando com moto em hospital".
Ciro Gomes, candidato derrotado do PDT, publicou na última terça, 4, um vídeo em suas redes sociais, de apoio à candidatura de Lula. O comunicado aconteceu logo após uma reunião da Executiva do partido. Ciro evitou citar o nome do ex-presidente, afirmando que "acompanha a decisão do partido". Ciro diz ainda que "frente às circunstâncias", o apoio ao ex-presidente era a "última saída".
Entretanto, em uma entrevista à Jovem Pan, em setembro, o pedetista chegou a deixar explícito que não apoiaria o petista numa eventual disputa contra Bolsonaro. E repetiu que enxerga o petista "enfraquecido" para a corrida ao Planalto
"Passo uma campanha inteira dizendo que o PT virou uma organização criminosa. Eles me insultam, me agridem todos os dias e ainda esperam que eu apoie eles no segundo turno?! Nunca mais, Juvenal. Ele (Lula) é um encantador de serpentes, mas a mim ele não engana mais", afirmou
Em outra entrevista ao Central das Eleições, da GloboNews, Ciro chegou a declarar que Lula é o maior responsável pela "tragédia". "Como eu dizendo que eles são corruptos, incompetentes, vou subir no palanque com eles? Passa a ser cumplicidade. Lula é responsável maior pela tragédia que está acontecendo no País", disse.
Em 2022, o candidato à Presidência da República no primeiro turno, Ciro, ficou em quarto lugar, com 3,5 milhões de votos (3%).
Jair Bolsonaro recebeu apoio do ex-juiz e agora senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União Brasil), para o segundo turno da eleição presidencial. Em abril de 2020, Moro deixou o governo acusando Jair Bolsonaro de tentativa de interferência na Polícia Federal (PF) e disse ser preciso "preservar a biografia".
"Tenho que preservar minha biografia, mas acima de tudo tenho que preservar o compromisso com o presidente de que seríamos firmes no combate à corrupção, a autonomia da PF contra interferências políticas", declarou o ex-juiz.
Os dois romperam e trocaram acusações, com o presidente chegando a chamar Moro de "traíra. Agora, após receber o apoio, Bolsonaro afirmou que o desentendimento entre eles está "superado" e que têm um "novo relacionamento".
Luiz Felipe d'Avila, candidato derrotado pelo Novo, ainda não declarou quem apoiará na corrida presidencial. Em nota, o seu partido anunciou que libera seus filiados para a votação, mas reforçou posição contrária ao PT e ao "lulismo". Em Minas Gerais, o governador reeleito no primeiro turno Zema (Novo), anunciou que apoia a reeleição de Bolsonaro.
Em setembro, d'Avila chegou a comentar que seu partido seria neutro em um possível segundo turno, pois não apoia "populismo". "Nossa campanha é para dar uma alternativa ao brasileiro", afirmou. E em entrevista à Folha a declarar que anularia o voto caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentasse no segundo turno o presidente Jair Bolsonaro (PL), ambos classificado por eles como populistas e igualmente danosos à democracia.
"Lula será mais do mesmo, o PT será mais do mesmo no poder, vai sabotar as reformas de uma organização do Estado, vai criar outros mensalões, como hoje tem o orçamento secreto", afirmou.