Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Daniel Castelo Branco


Com a última eleição, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro passará por mudanças, já que seis parlamentares se elegeram deputados federais e serão substituídos por seus suplentes. Para poderem assumir as vagas em Brasília, os vereadores Chico Alencar (PSOL), Laura Carneiro (PSD), Lindbergh Farias (PT), Luciano Vieira (PL), Reimont (PT) e Tarcísio Motta (PSOL) terão que renunciar à vereança até 31 de janeiro de 2023. Os gabinetes são distribuídos a candidatos do mesmo partido, seguindo a ordem de votação obtida em 2020. Os novos vereadores tomarão posse em fevereiro de 2023.

A bancada feminina ganhará mais uma representante. Embora o parlamento perca Laura Carneiro, duas mulheres substituirão dois homens no PSOL. Mônica Cunha, negra com atuação fortemente marcada pela pauta racial, deve assumir a vaga de Chico Alencar, político de longa trajetória, como deputado federal, já foi líder do PSOL na Câmara Federal. É coordenadora do Movimento Moleque, que luta contra o encarceramento em massa de jovens negros. Foi também coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, quando recebeu o prêmio Patrícia Acioli de Direitos Humanos em 2018 pela Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj). A outra cadeira fica com Luciana Boiteux, que entra na vaga de Tarcísio Motta. Professora da UFRJ, tem longa militância no movimento dos docentes do ensino superior e dá aulas de Direito Penal e Criminologia. Outro momento marcante da trajetória de Luciana foi sua participação em 2016 como vice na chapa de Marcelo Freixo para a Prefeitura do Rio, que chegou ao segundo turno.

Laura Carneiro, ex-secretária de Assistência Social da atual gestão Eduardo Paes, será substituída por Célio Lupparelli, que também tem proximidade com o atual prefeito do Rio de Janeiro. Ele já foi vereador por três mandatos, de 2007 a 2008, de 2014 a 2015 e depois em 2017 a 2020. Nascido e criado em Jacarepaguá, Lupparelli tem sua base eleitoral na região. Defende pautas ligadas ao meio-ambiente e à educação, já que foi professor por muito tempo. O futuro parlamentar também já foi secretário de Coordenação das Regiões Administrativas, secretário municipal de Governo e secretário municipal de Meio-Ambiente na administração de César Maia.

Lindbergh Farias, nome forte da política fluminense, que foi senador e prefeito de Nova Iguaçu, retorna agora para Brasília como deputado federal. No seu lugar entra Luciana Novaes, que exerceu o primeiro mandato de vereadora na legislatura passada. A futura parlamentar tem uma trajetória de superação pessoal. Ela cursava enfermagem na Universidade Estácio de Sá quando foi atingida por uma bala perdida no campus Rio Comprido em 2003. Passou então a se dedicar ao Serviço Social e chegou a conselheira de Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CONDEF).

Reimont Luiz deve ser substituído por Edson Santos, que concorreu a deputado federal nas últimas eleições pelo PSB. Porém, como a vaga é do PT, a expectativa é de um retorno do parlamentar à legenda. Santos foi ministro-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de 2008 a 2010, no governo Lula. O sociólogo tem sua história política marcada pela participação no movimento negro e no movimento por moradia popular. Entrou para a política em 1985 através do PCdoB, tendo sido diretor da União Nacional dos Estudantes. Em 1994 ingressou no PT e foi eleito deputado federal. Possui mestrado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na vaga de Luciano Vieira (PL), quem entra é Jorge Pereira (Avante). Jorge possui larga trajetória na Câmara de Vereadores, tendo cumprido sete mandatos. Tem seu reduto eleitoral na Ilha do Governador, onde conquistou mais de 50 mil votos na eleição de 2004. Em 1998 foi candidato a deputado federal e obteve mais de 30 mil votos, ficando como suplente. Figura tradicional na política carioca, espera-se que Pereira tenha papel importante nas articulações políticas da Casa.