Entidades de São Sebastião organizaram o ato de protesto contra BolsonaroEVARISTO SA / AFP
"Requer, em caráter de tutela provisória de urgência inibitória, seja determinado que o ato público agendado para o dia 22 de outubro de 2022, intitulado "Pintou um clima? Pintou um crime", não seja executado na circunscrição da comunidade venezuelana de migrantes, notadamente na Região Administrativa de São Sebastião/DF", pediu a DPU.
As falas de Bolsonaro sobre um encontro dele com meninas venezuelanas na periferia de Brasília em 2020 tiveram repercussão negativa para o presidente. Ao se referir ao encontro durante uma entrevista, Bolsonaro usou a expressão "pintou um clima", que foi explorada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após a declaração, o presidente foi para as redes sociais se explicar, acusando o PT de disseminar uma mentira. Nesta semana, Bolsonaro teve de gravar um vídeo pedindo desculpas pelo uso da expressão.
No dia 16, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, acatou um pedido de Bolsonaro e proibiu que a campanha de Lula explorasse a entrevista em que o presidente fala sobre o encontro. Na noite desta sexta-feira, 21, os defensores públicos federais André Ribeiro Porciúncula e Liana Lidiane Pacheco Dani solicitaram ao TSE para serem admitidos neste processo e pediram o cancelamento do ato em São Sebastião.
O pedido da DPU afirma que "embora tenha um louvável engajamento de combate à pedofilia, no contexto ora vivido em cenário nacional, (o ato) vem revitimizar a comunidade venezuelana na localidade, bem como expor e retroceder o bem-estar e dignidade daquela comunidade". Segundo os defensores, o ato "vai de encontro ao determinado pela decisão" de Alexandre de Moraes que atendeu Bolsonaro.
"Há temor que o ato público reforce a revitimização e cenário de instabilidade social estigmatizante, tão prejudicial à vivência comunitária", afirma a Defensoria no pedido.
O ato está sendo organizado por entidades de São Sebastião, com apoio da campanha Faça Bonito, que combate o abuso e exploração sexual infantil. O encontro está marcado para as 16h.
A presidente do Centro de Formação e Cultura Nação Zumbi, de São Sebastião, Regina Araújo, disse que o ato vai tratar da exploração sexual infantil e da "postura de uma figura pública em relação a essa questão". A previsão é de que representantes de entidades, moradores e mulheres se manifestem durante o encontro. "Essa fala acaba envolvendo toda uma comunidade, trazendo um constrangimento para todas nós", afirmou.
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