Em entrevista, Lula ignora TSE e volta a associar Bolsonaro à exploração infantil
Petista e aliados têm tentado manter o assunto em alta desde a semana passada para tentar desgastar a campanha do atual presidente e candidato à reeleição
Lula e Bolsonaro se enfrentam nas urnas no próximo domingo, 30 - Reprodução PR e PT/montagem iG - 29/09/2022
Lula e Bolsonaro se enfrentam nas urnas no próximo domingo, 30Reprodução PR e PT/montagem iG - 29/09/2022
O ex-presidente e candidato ao Planalto nas eleições de 2022 Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a o atual mandatário do país, Jair Bolsonaro (PL), à exploração infantil, nesta terça-feira, 25. Durante uma entrevista a TV Aparecida, o petista descumpriu uma determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibiu a campanha do ex-presidente de fazer esse tipo de associação ao chefe do Executivo.
"No meu governo a gente criou o Disque 100, para evitar a exploração de menores, como o meu adversário tentou fazer esses dias em Brasília", disse Lula. Ao citar o adversário, Lula se refere a fala de Bolsonaro em que ele afirma que viu meninas venezuelanas menores de idade e “pintou um clima”.
"Liberdade de expressão não é liberdade de agressão! Liberdade de expressão não é Liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da dignidade e honra alheias. Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!", diz trecho da decisão de Moraes.
No dia 16, Bolsonaro se defendeu sobre associação à pedofilia feita pela campanha a ele e afirmou ele que as 24 horas após o assunto se tornar um dos mais comentados da internet foram as "mais terríveis" da vida dele.
"Tentaram me atingir naquilo que é mais sagrado para minha: a defesa da família e das crianças. Me acusam de genocida, miliciano, canibal e agora pedófilo . Lamento que não tenha nada de concreto contra mim. Esse nível da campanha é o pior possível", declarou em entrevista a jornalistas.
Na ocasião, o presidente afirmou ainda que a frase "pintar um clima" já tinha sido usada por ele em outras ocasiões: "Fui para dentro da casa das senhoras com 10 seguranças para conversar. Emiti uma live (...) Essa história de 'pintar clima', uso muito isso aí (...) Elas só estavam lá por estarem fugindo do regime venezuelano e vindo para cá para dias melhores".
Pedido de desculpas de Bolsonaro
Após a repercussão negativa do caso, no dia 18 deste mês, o presidente publicou um vídeo pedindo desculpas às venezuelanas menores de idade mencionadas por ele no podcast do canal Paparazzo Rubro-Negro, na sexta, 14.
"Se as minhas palavras, que por má-fé foram tiradas de contexto de alguma forma, foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpa, já que meu compromisso sempre foi o de melhor acolher e atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo", falou o presidente da República.
Na ocasião, o chefe do Executivo estava ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e María Teresa Belandria, aliada de Juan Guaidó, principal opositor do governo Maduro, na Venezuela.
Relembre o caso
Na terça-feira, 18, Bolsonaro afirmou que viu as venezuelanas menores de idade e “pintou um clima”, levando-o a visitar a casa delas para saber do que se tratava. Na ocasião, o presidente fez uma live.
"Eu parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, 3, 4, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas em um sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida", disse o chefe do executivo federal.
Porém, a responsável pela residência negou que o espaço era de prostituição e que as meninas estavam sendo cuidadas por uma ação social.