Rio sofre com desmanche da equipe masculina de vôlei
Em crise, atual campeão da Superliga vê time ruir
Por fabio.klotz
Rio - O vôlei carioca estava no topo e o clima era de festa em abril de 2013: o Rio havia conquistado a Superliga feminina com a Unilever e também a masculina com o RJX. Mas, nove meses após a euforia nas quadras da cidade olímpica, o cenário é totalmente diferente para os homens. Com a atual temporada ainda em andamento, o time - que agora se chama RJ Vôlei - perdeu o seu principal patrocinador e sofre com uma crise financeira.
Assim, a equipe já perdeu várias peças importantes: Bruninho, Leandro Vissotto, Maurício Souza, Thiago Alves e Thiago Sens. Do outro lado, as meninas da Unilever, em sua 10ª temporada no Rio, seguem na briga pelo nono título nacional.
“É triste. Acabou da pior forma que eu poderia imaginar. Desejo boa sorte para a galera que fica. A gente tem que continuar trabalhando. Vivemos disso, não posso perder o ano porque a carreira é muito curta e tenho duas filhas para criar”, afirmou Vissotto, que anunciou sua saída na semana passada para defender o Kepco, da Coreia do Sul.
Retorno frustrado
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O oposto - que iniciou a carreira nas divisões de base do Flamengo - voltou a jogar no Rio em 2013 depois de 14 anos. Mas o retorno para a cidade acabou terminando numa grande decepção.
“A frustração é enorme, com a sensação péssima de que deu errado. Não tem muito o que falar. Graças a Deus, tenho oportunidade de seguir trabalhando. Nenhum trabalhador merece passar por isso e ficar sem receber. Espero que a gente possa ser compensado de alguma forma mais para frente”, afirmou Vissotto.
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Ele foi uma das principais contratações para a atual temporada, depois de o time carioca ter sido campeão da Superliga 2012/2013. Fazia 32 anos que o Rio não tinha um campeão nacional entre os homens, desde a Atlântica Boavista, em 1981, quando o técnico Bernardinho, hoje na Unilever, era jogador. Mas o status de campeão não foi suficiente para evitar que o time sofresse com a crise da OGX, petroleira do ex-bilionário Eike Batista que pediu recuperação judicial e acabou retirando o patrocínio do time. O atraso salarial já atingia os jogadores que tinham os vencimentos pagos pelo patrocinador master. Campeão olímpico, o central Rodrigão segue no time e, no jogo diante de Taubaté, na terça-feira, chegou a atuar como ponteiro.
“Um tem que ajudar o outro e tentar acabar o campeonato de cabeça erguida. O Rio foi campeão do ano passado e não podemos deixar essa temporada acabar sem pelo menos estarmos entre os oito”, comenta Rodrigão, sonhando com um lugar nos playoffs da Superliga.
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No feminino, longo projeto da Unilever
Enquanto o RJ Vôlei sofre uma crise em sua terceira Superliga, a equipe feminina da Unilever completa em 2013/14 a sua 10ª temporada no Rio. O projeto liderado por Bernardinho existe desde 1997, no Paraná, quando se chamava Rexona. De lá para cá, a equipe tem acumulado conquistas e hoje é a mais vitoriosa do vôlei brasileiro, com oito títulos da Superliga.
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“É um projeto maior desde o início, de mostrar que o vôlei não é apenas um esporte de alto rendimento, mas também uma ferramenta importante de transformação e educação. É um projeto que contempla mais frentes. A equipe é um dos pilares. Mas eles acreditam no retorno à sociedade, seja propiciando lazer e entretenimento ou dando oportunidade a jovens”, comenta Bernardinho, referindo-se aos projetos sociais da empresa.
Bernardinho: 'Não vejo como crise do vôlei'
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Técnico da Seleção masculina de vôlei, o carioca Bernardinho lamenta a situação do RJ e comenta a saída de selecionáveis do Brasil, incluindo o filho, Bruninho, para o Modena, da Itália.
Como você acompanha a situação do RJ?
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Vejo com pesar, por ser um projeto que começou com a intenção de ser de longo prazo, fomentando o vôlei e criando uma equipe masculina de alto rendimento no Rio. Não vejo como uma crise do vôlei. A equipe dependia de uma empresa do grupo X. Diria que a matéria deveria estar mais nas páginas de Economia. Muito tem se falado dos problemas da empresa e isso respingou num dos projetos dela, que era a equipe masculina de vôlei do Rio. É triste. Meses após o título brasileiro, a equipe começa a se esfacelar.
Como vê os novos destinos dos atletas?
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A Turquia é um mercado que tem crescido muito. O Bruno foi para um time médio da Itália e vai enfrentar grandes equipes. A Coreia (destino de Vissotto) não é o melhor mercado, mas vai ter que virar muitas bolas. Não dá para julgar as pessoas. Tem que pagar as contas.
Você opinou na saída do Bruninho?
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Ele decidiu sozinho. Estava muito tenso e incomodado com toda essa situação.